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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, encontrou-se nesta terça-feira (26/04) em Moscou com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov. O principal objetivo da visita foi buscar soluções para o conflito iniciado pela Rússia em 24 de fevereiro, quando o país invadiu a Ucrânia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o ministro das Relaçõex Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em encontro em Moscou.| Foto: Maxim Shipenkov/REUTERS |
Dois dos principais temas abordados, segundo declarações de Guterres em uma entrevista coletiva de imprensa após o encontro, foram a abertura de corredores humanitários seguros para civis e também um pedido de investigação independente quanto a possíveis crimes de guerra. Isso porque a própria ONU, segundo ele, não tem autonomia suficiente para tais averiguações.
"Estou preocupado com os repetidos relatos de violações do direito internacional humanitário, de direitos humanos e possíveis crimes de guerra. E isso exige uma investigação independente para uma efetiva responsabilização", declarou Guterres.
O secretário propôs a criação de um grupo de trabalho trilateral, formado por ONU, Rússia e Ucrânia, para instaurar, além de corredores humanitários, ajuda direta a civis que estão cercados ou sob intensos bombardeios.
"Precisamos de corredores humanitários que sejam, de fato, seguros e eficazes. Para isso, propus o estabelecimento de um grupo de contato humanitário que reúna a Rússia, a Ucrânia e as Nações Unidas para buscar oportunidades para a abertura de corredores seguros", afirmou.
Mariupol, no sudeste da Ucrânia, por exemplo, está sitiada pelo exército russo há várias semanas e sofre uma crise humanitária sem precedentes. Em todo o país, várias tentativas de aberturas de corredores foram frustradas nos últimos dias.
Nesta segunda-feira, a ação seria colocada em prática para evacuar civis que estariam se protegendo em uma usina siderúrgica em Mariupol, mas a proposta acabou não se concretizando. A iniciativa teria partido da Rússia, o que foi criticado pelo governo ucraniano. A vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk, disse que o acordo só seria possível caso fosse bilateral, não somente com aprovação dos russos.
Possível encontro com Putin
Em resposta aos pedidos feitos por Guterres, Lavrov disse que a Rússia estaria pronta para negociar e ajudar os civis na Ucrânia: "Nossos objetivos principais são proteger civis, e estamos prontos para cooperar com nossos colegas da ONU para aliviar a situação da população".
Em seguida, no entanto, Lavrov declarou que é "muito cedo" para falar sobre possíveis mediadores do processo, e criticou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a quem enxerga como empecilho para as negociações de paz. Ele classificou como "decepcionante" a maneira como os negociadores de Kiev e Zelenski se comportaram durante as tratativas.
Descrevendo-se como "embaixador da paz", o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve se encontrar ainda com o presidente russo, Vladimir Putin, também nesta terça-feira, em Moscou.