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Nas últimas semanas, a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado do Islã e o lugar mais sagrado do Judaísmo, conhecido como o Monte do Templo, tem sido palco de confrontos.
Palestinos protestam no complexo que abriga a mesquita de Al-Aqsa, conhecido pelos judeus como Templo do Monte, em Jerusalém, nesta sexta-feira (22) — Foto: Ammar Awad/Reuters |
Cerca de 300 palestinos foram feridos na área onde Al-Aqsa está localizada após operações do exército israelense na Cisjordânia ocupada.
Durante esses confrontos, a polícia israelense se colocou na esplanada e também entrou uma vez na mesquita Al-Aqsa, disparando gás lacrimogêneo, o que provocou a indignação de palestinos e de países muçulmanos.
"Aquele que tomar a decisão de repetir isto tomará ele mesmo a decisão de destruir milhares de sinagogas ao redor do mundo", disse Yahya Sinouar, chefe do departamento político do Hamas na Faixa de Gaza bloqueada por Israel, em um discurso.
"Você terá que se preparar para uma grande batalha se a ocupação não parar de atacar a mesquita Al-Aqsa", acrescentou.
Este raro discurso foi proferido no aniversário, de acordo com o calendário muçulmano, da guerra de 11 dias entre Israel e o Hamas em maio de 2021.
Ele também prestou tributo ao Irã, principal inimigo de Israel, e aos movimentos apoiados pela República Islâmica, incluindo o Hezbollah libanês, a Jihad Islâmica palestina e os rebeldes iemenitas Houthi.
"Mais de mil foguetes"
Em caso de "agressão" na Esplanada das Mesquitas no "Dia de Jerusalém", o Hamas lançará mais de mil foguetes em direção a Israel, Sinouar ameaçou. Programado para o final de maio deste ano, este evento comemorado em Israel comemora a captura da parte palestina da Cidade Santa em 1967.
Sob um acordo histórico, os muçulmanos podem rezar na esplanada, localizada na parte palestina de Jerusalém anexada por Israel, enquanto os não-muçulmanos podem ir lá em horários específicos, mas não rezar.
Nos últimos anos, o número de judeus visitando a esplanada aumentou, atingindo um recorde em abril durante o Pessach, a Páscoa judaica.
Muitos fiéis judeus são regularmente avistados rezando lá apesar da proibição, o que faz temer entre os muçulmanos que este acordo histórico esteja sendo quebrado.
O Estado hebraico "não vai mudar" o acordo histórico, disse o chefe diplomático israelense Yair Lapid na semana passada.
O partido Raam, a primeira formação árabe na história de Israel a apoiar uma coalizão governamental, recentemente "suspendeu" seu apoio por causa da violência em Jerusalém.
Neste sábado, Yahya Sinouar apelou a seu líder, Mansour Abbas, para "deixar" a coalizão no poder permanentemente.
(Com AFP)