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A crise migratória que atinge a fronteira entre Polônia e Bielorrússia provoca uma série de trocas de acusações entre os dois lados nesta terça-feira (9), um dia depois de Varsóvia barrar a entrada de centenas de estrangeiros que marchavam para o país.
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O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, afirmou ao tabloide "Bild" que Bruxelas "precisa agir" para ajudar os poloneses a frear avanço esse porque "nem a Alemanha, nem a Polônia pode fazer algo sozinhos".
"Precisamos ajudar o governo polonês a proteger suas fronteiras externas. Isso é uma obrigação da União Europeia", disse Seehofer ainda afirmando que não critica a construção de um muro no local. "Só não pode usar armas de fogo, obviamente, mas deve usar outros meios disponíveis", pontuou.
Já o premiê polonês, Mateusz Morawiecki, afirma que essa crise "afeta a estabilidade e a segurança de toda a União Europeia".
"Proteger a fronteira polonesa está no nosso interesse nacional. Mas, hoje está em jogo a estabilidade da UE", acrescentou.
A crise na região, que também tem efeitos na Letônia e na Lituânia, vem se agravando há meses, especialmente, depois que o bloco europeu anunciou uma série de sanções contra o governo de Aleksandr Lukashenko. Para os ocidentais, o mandatário é um "ditador" e está tentando usar os estrangeiros como "armas" contra o bloco para provocar uma crise.
Recentemente, uma operação da polícia polonesa encontrou material de propaganda extremista islâmica em um dos acampamentos para deslocados mantidos por Minsk, o que aumentou os temores de que Lukashenko está tentando infiltrar terroristas entre aqueles que buscam uma nova vida na Europa.
A comissária europeia para Assuntos Internos, Ylva Johansson, afirmou que o caso é "a nossa prioridade mais urgente" e que "continua a dar prioridade à proteção de integridade das nossas fronteiras".
Representante ainda lembrou que, além das ações, está organizando voos com pessoas que pediram asilo para as capitais de Letônia e Lituânia, no que ela classificou como "ataques híbridos".
Por conta disso, o Conselho Europeu anunciou a suspensão dos vistos de entrada nos 27 países do bloco para todos os expoentes do governo de Minsk.
Pela primeira vez desde a confusão da segunda-feira, o governo da Bielorrússia se manifestou publicamente. Em uma nota conjunta divulgada pelo Ministério da Defesa e das Relações Exteriores, os políticos chamam as acusações de "infundadas e não comprovadas".
"Queremos antecipadamente colocar em alerta a parte contra a polonesa utilização de qualquer provocação para justificar eventuais ações beligerantes ilegais contra os migrantes", diz ainda o comunicado.
Conversa com Putin
Depois de conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre a crise com a Polônia – e, por consequência, com a União Europeia – o líder da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, afirmou que "não se curvará perante a Europa".
Putin, por sua vez, emitiu uma nota oficial via Presidência em que expressa "preocupação" pela situação e confirmando que o assunto foi debatido. A Rússia é o único grande aliado que sobrou para Lukashenko.
Horas depois do telefonema, Morawiecki acusou o presidente da Rússia de estar por trás da crise migratória na fronteira com a Bielorrússia.