France Presse
Teerã abandonou gradativamente seus compromissos com as grandes potências depois que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto e restabeleceram suas sanções.
Instalações para enriquecimento de urânio no centro de pesquisa nuclear de Natanz, a cerca de 300 quilômetros de Teerã, no Irã, em 4 de novembro de 2019 © HO |
"Superamos 210kg de urânio enriquecido a 20% e produzimos (até) 25kg a 60%", disse Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI), na noite de quarta-feira (3), citado pela agência oficial Irna.
Em abril, a República Islâmica do Irã anunciou que havia ultrapassado o limite sem precedentes de enriquecimento de 60% para o urânio e, em setembro, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que o país havia produzido 10 kg.
Um mês depois, em 10 de outubro, Mohammad Eslami, chefe da OEAI, indicou que os estoques de urânio enriquecido a 20% ultrapassaram os 120 kg, o que em tese permite a produção de isótopos médicos, usados principalmente no diagnóstico de certos cânceres.
Para fabricar uma bomba nuclear, é necessário enriquecer urânio a 90%, algo que o Irã não fez até agora, mas os países ocidentais estão preocupados com o rápido avanço de Teerã.
O Irã afirma há décadas que seu programa nuclear é pacífico e que não busca desenvolver uma arma nuclear.
As negociações para salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, paralisado desde junho, serão retomadas em 29 de novembro em Viena, em meio a tensões crescentes entre os Estados Unidos e o Irã.
As conversas se concentrarão "na perspectiva de um possível retorno dos Estados Unidos" ao pacto e "em como garantir a implementação plena e efetiva do acordo por todas as partes", segundo a União Europeia.