France Presse
O presidente Guillermo Lasso "aceitou a renúncia" tanto do chefe do comando conjunto, vice-almirante Jorge Cabrera, como do diretor do órgão encarregado das prisões (SNAI), Bolívar Garzón, informou a secretaria de Comunicação da presidência em nota.
O corpo de um presidiário no telhado do presídio Guayas 1, em Guayaquil, em 13 de novembro de 2021 © Nicola Gabirrete |
As autoridades deixaram seus cargos devido ao caos que reina no sistema prisional e ao crescimento das gangues do narcotráfico que disputam o poder dentro e fora das prisões. No fim de semana, 68 presos foram mortos em um confronto com armas, explosivos e facões na prisão principal do porto de Guayaquil, um incidente que o governo descreveu como "barbárie".
Lasso se reúne nesta segunda-feira em Guayaquil com os comandantes das Forças Armadas e da Polícia, além de ministros da segurança e chefes do Congresso, do Tribunal Nacional de Justiça e do Tribunal Constitucional para "enfrentar a situação de maneira abrangente", de acordo com a secretaria da Comunicação.
O presidente fará um pronunciamento por volta das 20h00 do horário local nesta segunda-feira (23h00 de Brasília), acrescentou.
"O país está sob ataque de uma máfia internacional de cartéis de drogas", disse o porta-voz presidencial Carlos Jijón ao canal Teleamazonas.
No entanto, ele também deixou escapar a tese de um complô político para desestabilizar o governo Lasso, investigado pelo Congresso por sua relação com o escândalo "Pandora Papers".
"O verdadeiro objetivo (do massacre) era cometer um ato de terrorismo que chocasse a nação", afirmou Jijón, acrescentando que a crise não se reduz a “um confronto entre gangues ou gangues prisionais”, mas sim a “um gravíssimo situação que tem ramificações políticas".
Lasso nomeou como novo chefe do comando conjunto o general Orlando Fuel, que ocupava o posto de comandante do Exército, e deixou a direção do SNAI à cargo de Marlo Brito, até então titular do Centro de Inteligência Estratégica (CIES). O general Luis Burbano ficou com o comando do Exército.
- Estados de exceção -
Entre sexta e sábado, houve um massacre de 68 presos na principal penitenciária do porto de Guayaquil, palco também de outro confronto armado entre gangues ligadas ao tráfico de drogas em setembro, com 119 mortes, que constituiu um dos maiores massacres carcerários da América Latina.
O governo informou no domingo que "atualmente não há incidentes nos centros de privação de liberdade do país", que enfrentam uma crise há anos devido à violência e uma superpopulação de 30%.
Frente à situação, Lasso decretou dois estados de exceção: um em 30 de setembro por 60 dias para as prisões, e outro em 18 de outubro também por 60 dias, mobilizando militares nas ruas em apoio à polícia em patrulhas e buscas.
Mas o Tribunal Constitucional limitou seu alcance, proibindo a entrada de militares nas prisões, limitando sua presença no exterior até o final deste mês, e determinando que patrulhassem as ruas por no máximo 30 dias.
A taxa de homicídios no país subiu de 7,8 por 100 mil habitantes em 2020 para 10,6 entre janeiro e outubro de 2021, segundo o governo do Equador, que apreendeu mais de 155 toneladas de drogas este ano, um novo recorde.
Os massacres carcerários são sangrentos, com corpos queimados, decapitados e desmembrados. Os presos se enfrentam com armas de fogo e explosivos.