Após a Aeronáutica decidir, unilateralmente, reduzir o valor do contrato firmado com a Embraer para a compra de aeronaves do modelo KC-390 Millennium, a fabricante brasileira de aviões afirmou que buscará “medidas legais relativas ao reequilíbrio econômico e financeiro dos contratos, bem como avaliará os efeitos da redução dos contratos em seus negócios e resultados”. A afirmação foi feita em nota assinada pelo vice-presidente financeiro da companhia, Antonio Carlos Garcia.
Luciana Dyniewicz | O Estado de S.Paulo
O contrato formalizado em 2014 previa a compra de 28 cargueiros em dez anos, por R$ 11 bilhões em valores atualizados. De acordo com o documento, havia a possibilidade de o governo reduzir o valor da encomenda em 25%, ou seja, para 21 unidades. Em abril deste ano, a Aeronáutica divulgou a intenção de ficar com apenas 15 unidades.
Embraer KC-390 Millenium | Divulgação |
A negociação entre governo e empresa se arrastou por sete meses até que, na quinta-feira, 11, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, informou ao Estadão que não houve consenso.
De acordo com o comunicado divulgado nesta sexta-feira pela Embraer, as medidas deverão ser tomadas após a empresa ser formalmente notificada pela União. “A Embraer reforça seu compromisso com o projeto KC-390/C-390 Millennium, aeronave multimissão de nova geração, bem como sua crença no potencial de exportação deste produto, que traz inovações únicas em sua categoria e que já foi adquirido por duas nações europeias”, diz a nota.
O governo justificou a decisão de rever o contrato alegando restrições orçamentárias. A compra de caças Gripen, fabricados pela sueca Saab em parceria com a Embraer, no entanto, não sofreu cortes.
O projeto do KC-390/C-390 Millennium é um dos maiores já desenvolvidos pela Embraer e uma de suas apostas para se recuperar financeiramente da crise da covid-19 e do fim do acordo de venda de sua divisão de aviação comercial para a Boeing.
As ações ON da Embraer caíam 5,65% às 12h40 desta sexta-feira, 12, ficando entre as maiores perdas da Bolsa brasileira.