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A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse neste domingo (10/10) que Taipei "não se curvará" à pressão de Pequim, pelo que o governo chinês chama de "reunificação".
Ing-wen comanda a nação de cerca de 23 milhões de habitantes © Chiang Ying-ying/AP Photo/picture alliance |
No seu discurso no Dia da República Nacional da China, nome oficial de Taiwan, a líder da ilha acrescentou que Pequim "não ofereceria nem um modo de vida livre e democrático para Taiwan nem soberania para os seus 23 milhões de habitantes".
O forte recado de Ing-wen ocorre apenas um dia após o presidente chinês, Xi Jinping, ter assegurado que a China "pode e irá conseguir" a reunificação com Taiwan, desta vez deixando de lado a ameaça de o fazer pela força.
O líder chinês oferece a integração de Taiwan à China sob "um país, dois sistemas", que, em teoria, é aplicado em Macau e Hong Kong, e que garantiria um certo grau de autonomia.
Em resposta, Ing-wen afirmou que fortalecerá as defesas do país para garantir que ninguém possa forçar Taiwan "a seguir o caminho que a China traçou".
Proposta pouco atrativa
Para Ing-wen e outras autoridades de Taiwan a proposta de Xi Jinping é pouco atrativa, visto o controle cada vez mais evidente de Pequim sobre Hong Kong, em resposta aos protestos de 2019 exigindo mais liberdade.
"Depois de assumirem o controle total de Hong Kong e de se voltarem contra os ativistas pró-democracia, as autoridades de Pequim também se afastaram do caminho do desenvolvimento político e econômico que começaram há décadas atrás", frisou a presidente de Taiwan.
Sobre as relações com Pequim - que, segundo o Ministro da Defesa de Taiwan, atravessam "o seu pior momento em 40 anos" –, Ing-wen disse que não houve qualquer mudança na posição de Taiwan. "Afirmamos manter o status quo, faremos o nosso melhor para garantir que não seja unilateralmente alterado", disse.
"Para resolver as diferenças [com a China], ambas as partes precisam entrar num diálogo baseado na igualdade", afirmou a política, que está no cargo desde 2016.
Auxílio de outros países
A presidente da ilha também assegurou que "cada vez mais amigos democráticos estão dispostos a defender" Taiwan, destacando o progresso nas relações com o Japão, os Estados Unidos e a União Europeia.
"Taiwan já não é visto como o 'órfão da Ásia', mas como uma ilha de resiliência que pode enfrentar desafios com coragem", enfatizou.
Ela enalteceu os sucessos da nação, líder em indústrias chave, como a de semicondutores, e um dos territórios que melhor controlou a pandemia de covid-19.
"Quanto mais conseguimos, mais pressão enfrentamos da China. Não temos o privilégio de poder baixar a nossa guarda", disse Ing-wen.
Um feriado, duas interpretações
A ilha é governada de forma autônoma desde 1949, data em que as forças nacionalistas do Kuomintang ali se refugiaram depois de terem sido derrotados pelas tropas comunistas, que fundaram, no continente, a República Popular da China. Pequim considera Taiwan parte da China.