Oren Liebermann | CNN
Os Estados Unidos sofreram um revés na corrida com a China e a Rússia para desenvolver armas hipersônicas. O último teste hipersônico norte-americano falhou, disse o Pentágono em um comunicado nesta quinta-feira (21).
Vista aérea do Pentágono | Foto: Phil Stewart/Reuters |
Um booster stack, que é o foguete usado para acelerar o projétil a velocidades hipersônicas, falhou. Com isso, o teste do projétil não pôde prosseguir, disse o comunicado.
Como o foguete falhou, o Pentágono não foi capaz de testar o corpo deslizante hipersônico, que é o principal componente necessário para desenvolver uma arma hipersônica.
As autoridades começaram uma revisão do teste, que aconteceu nesta quinta, no complexo do porto espacial do Pacífico em Kodiak, no Alasca, para entender a causa da falha do propulsor.
“Experimentos e testes – bem ou malsucedidos – são a espinha dorsal do desenvolvimento de tecnologias críticas e altamente complexas em uma velocidade tremenda, como o departamento está fazendo com as tecnologias hipersônicas”, disse o tenente Tim Gorman, porta-voz do Pentágono, em comunicado.
O Pentágono fez do desenvolvimento de armas hipersônicas uma de suas principais prioridades, especialmente porque a China e a Rússia estão trabalhando para desenvolver suas próprias versões.
A falha é mais um golpe para os esforços dos EUA após um primeiro teste falho em abril e acontece dias depois de ter sido relatado que a China havia testado com sucesso um míssil hipersônico.
Mais rápidas, as armas hipersônicas são difíceis de detectar, representando um desafio para os sistemas de defesa contra mísseis.
Os mísseis hipersônicos podem viajar em uma trajetória muito mais baixa do que os mísseis balísticos de alto arco, que podem ser facilmente detectáveis. O hipersônico também pode manobrar e escapar dos sistemas de defesa antimísseis.
Relatórios de teste bem-sucedido da China e da Rússia
No fim de semana, o Financial Times relatou que a China testou com sucesso um veículo planador hipersônico capaz de transportar uma arma nuclear.
Eles relataram que o veículo foi lançado de um sistema de bombardeio orbital. Embora a China tenha negado o relatório, dizendo nes segunda-feira que o teste foi um “experimento de nave espacial de rotina.”
Oficiais de defesa dizem que estão particularmente preocupados com o desenvolvimento de capacidades hipersônicas da China, porque isso permitiria a Pequim lançar um ataque sobre o Polo Sul, evitando as defesas de mísseis dos EUA, que geralmente são voltadas para mísseis que vêm do Polo Norte.
Duas semanas atrás, a Rússia afirmou ter testado com sucesso um míssil hipersônico lançado por submarino pela primeira vez, apelidado de Tsirkon.
No início deste verão, a Rússia disse que havia disparado o mesmo míssil de um navio de guerra.
No entanto, o Pentágono insiste que continua no caminho certo para entregar armas hipersônicas ofensivas no início da década de 2020, uma linha do tempo que parece mais urgente com os avanços na tecnologia hipersônica demonstrados pelos russos e chineses.
“Este teste de voo é parte de uma série contínua de testes de voo à medida que continuamos a desenvolver essa tecnologia”, disse Gorman.
O teste falho de um corpo planador hipersônico ocorreu depois que a Marinha e o Exército dos EUA conduziram uma série de testes de medição hipersônica bem-sucedidos, destacando a prioridade do Pentágono de pesquisar e testar rapidamente o sistema de armas.
Os três testes de sondagem conjuntos foram projetados para coletar dados e realizar experimentos hipersônicos de parceiros envolvidos no desenvolvimento de armas avançadas.
“Esses lançamentos permitem oportunidades de testes de vôo frequentes e regulares para apoiar o rápido amadurecimento das tecnologias hipersônicas ofensivas e defensivas”, disse a Marinha em um comunicado sobre os testes.
Os testes, realizados no Wallops Flight Facility, da NASA, na costa leste da Virgínia, fornecem dados para o desenvolvimento das armas hipersônicas das forças armadas, incluindo o Conventional Prompt Strike, da Marinha, e a Long Range Hypersonic Weapon, do Exército.
Os EUA estão se concentrando em armas hipersônicas convencionais baseadas em navios, plataformas terrestres e aéreas.
Em abril, o programa de mísseis hipersônicos da Força Aérea sofreu um revés ao deixar de ser lançado de um B-52. Em vez disso, a Arma de Resposta Rápida (ARRW, na sigla em inglês) lançada do ar AGM-183A permaneceu na aeronave.