Sem citar os americanos, ele disse que seu país 'sempre se opôs firmemente ao hegemonismo'; embates entre os dois países a respeito da ilha, que antes ocupava a cadeira chinesa na organização, têm crescido
O Globo e Bloomberg
PEQUIM — O presidente chinês Xi Jinping atacou de maneira velada a liderança dos EUA nesta segunda-feira, em um discurso para marcar o 50º aniversário de Pequim como representante da China na ONU. Os comentários coincidem com uma ofensiva de Washington para que Taiwan — que até 1971 ocupava a cadeira reservada à China na organização — desempenhe um papel maior nos fóruns internacionais.
— A China sempre buscou uma política externa independente e de paz, manteve a justiça e se opôs firmemente ao hegemonismo e à política de poder — disse Xi, em uma fala em que não chegou a nomear os EUA.
O líder chinês prometeu que sua nação "se manteria no caminho do desenvolvimento pacífico", acrescentando que as nações deveriam trabalhar juntas para tratar de questões como terrorismo, mudança climática, cibersegurança e biossegurança.
— Somente formando uma governança global mais inclusiva, mecanismos multilaterais mais eficazes e uma cooperação regional mais ativa poderemos lidar efetivamente com elas — disse.
Xi também falou com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, por chamada de vídeo, de acordo com o jornal Global Times. Guterres deu parabéns pelo aniversário e os dois discutiram como aumentar a cooperação em questões como a mudança climática, informou o jornal estatal em inglês.
As tensões entre a China e os Estados Unidos têm se prolongado desde que a guerra comercial eclodiu durante o governo de Donald Trump. Com o aumento das atividades militares de EUA e aliados em seu entorno, Pequim também aumentou a pressão militar sobre Taiwan, que considera uma "província rebelde" desde que os nacionalistas fugiram para a ilha depois de perderem a guerra civil para os comunistas, em 1949.
Na semana passada, o presidente Joe Biden sugeriu que os poderiam intervir militarmente em caso de uma ação chinesa para pôr Taiwan sob o controle de Pequim de novo à força. A declaração provocou dúvidas sobre uma eventual mudança da política americana para a ilha, já que, desde que retomou as relações diplomáticas com Pequim, em 1979, os EUA vendem armas a Taiwan, mas não assinaram o compromisso de defender sua autonomia militarmente nem tem relações diplomáticas formais com Taipé.
O atrito entre China e EUA a respeito de Taiwan deve aumentar depois que diplomatas de alto nível do Departamento de Estado dos EUA e do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan se reuniram por vídeo, na sexta-feira, para discutir a participação de Taipé na ONU e em outros fóruns internacionais.
"A discussão se concentrou em apoiar a capacidade de Taiwan de participar significativamente na ONU e contribuir com sua valiosa experiência para enfrentar desafios globais, incluindo saúde pública global, meio ambiente e mudança climática, assistência ao desenvolvimento, padrões técnicos e cooperação econômica", disse o Departamento de Estado em uma declaração.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse nesta segunda-feira que "a participação de Taiwan em atividades internacionais deve ser tratada de acordo com o princípio de uma só China".
— Taiwan tenta aumentar sua influência no mundo, mas tais tentativas estão condenadas ao fracasso — disse ele, acrescentando que os EUA devem "evitar fazer qualquer coisa que possa minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", que separa a ilha do continente.
Hoje, apenas 15 países mantêm relações diplomáticas com Taiwan. O número vem diminuindo a cada ano desde que a Assembleia Geral da ONU votou para que Pequim assumisse a cadeira da China.
No entanto, o secretário adjunto do Departamento de Estado para a China, Taiwan e Mongólia, Rick Waters, disse na semana passada que a China tem usado indevidamente a Resolução 2758 da ONU — que em 1971 reconheceu Pequim como o representante legítimo da China — para impedir Taiwan de desempenhar um grande papel na organização, de acordo com a Agência Central de Notícias estatal de Taiwan.
A Embaixada da China nos EUA rebateu os comentários, dizendo em um comunicado que eles "desconsideram os fatos" e são "altamente enganosos".
— Esta é uma grave provocação política à China e uma distorção maligna do direito internacional e das normas universalmente reconhecidas que governam as relações internacionais — disse a declaração, acrescentando que a China apresentou uma queixa solene aos diplomatas dos EUA.
O Globo e Bloomberg
PEQUIM — O presidente chinês Xi Jinping atacou de maneira velada a liderança dos EUA nesta segunda-feira, em um discurso para marcar o 50º aniversário de Pequim como representante da China na ONU. Os comentários coincidem com uma ofensiva de Washington para que Taiwan — que até 1971 ocupava a cadeira reservada à China na organização — desempenhe um papel maior nos fóruns internacionais.
Presidente chinês, Xi Jinping, discursa na cúpula da biodiversidade da COP-15 em Kunming, na China, em 12 de outubro de 2021 Foto: SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON / via REUTERS |
— A China sempre buscou uma política externa independente e de paz, manteve a justiça e se opôs firmemente ao hegemonismo e à política de poder — disse Xi, em uma fala em que não chegou a nomear os EUA.
O líder chinês prometeu que sua nação "se manteria no caminho do desenvolvimento pacífico", acrescentando que as nações deveriam trabalhar juntas para tratar de questões como terrorismo, mudança climática, cibersegurança e biossegurança.
— Somente formando uma governança global mais inclusiva, mecanismos multilaterais mais eficazes e uma cooperação regional mais ativa poderemos lidar efetivamente com elas — disse.
Xi também falou com o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, por chamada de vídeo, de acordo com o jornal Global Times. Guterres deu parabéns pelo aniversário e os dois discutiram como aumentar a cooperação em questões como a mudança climática, informou o jornal estatal em inglês.
As tensões entre a China e os Estados Unidos têm se prolongado desde que a guerra comercial eclodiu durante o governo de Donald Trump. Com o aumento das atividades militares de EUA e aliados em seu entorno, Pequim também aumentou a pressão militar sobre Taiwan, que considera uma "província rebelde" desde que os nacionalistas fugiram para a ilha depois de perderem a guerra civil para os comunistas, em 1949.
Na semana passada, o presidente Joe Biden sugeriu que os poderiam intervir militarmente em caso de uma ação chinesa para pôr Taiwan sob o controle de Pequim de novo à força. A declaração provocou dúvidas sobre uma eventual mudança da política americana para a ilha, já que, desde que retomou as relações diplomáticas com Pequim, em 1979, os EUA vendem armas a Taiwan, mas não assinaram o compromisso de defender sua autonomia militarmente nem tem relações diplomáticas formais com Taipé.
O atrito entre China e EUA a respeito de Taiwan deve aumentar depois que diplomatas de alto nível do Departamento de Estado dos EUA e do Ministério das Relações Exteriores de Taiwan se reuniram por vídeo, na sexta-feira, para discutir a participação de Taipé na ONU e em outros fóruns internacionais.
"A discussão se concentrou em apoiar a capacidade de Taiwan de participar significativamente na ONU e contribuir com sua valiosa experiência para enfrentar desafios globais, incluindo saúde pública global, meio ambiente e mudança climática, assistência ao desenvolvimento, padrões técnicos e cooperação econômica", disse o Departamento de Estado em uma declaração.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse nesta segunda-feira que "a participação de Taiwan em atividades internacionais deve ser tratada de acordo com o princípio de uma só China".
— Taiwan tenta aumentar sua influência no mundo, mas tais tentativas estão condenadas ao fracasso — disse ele, acrescentando que os EUA devem "evitar fazer qualquer coisa que possa minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", que separa a ilha do continente.
Hoje, apenas 15 países mantêm relações diplomáticas com Taiwan. O número vem diminuindo a cada ano desde que a Assembleia Geral da ONU votou para que Pequim assumisse a cadeira da China.
No entanto, o secretário adjunto do Departamento de Estado para a China, Taiwan e Mongólia, Rick Waters, disse na semana passada que a China tem usado indevidamente a Resolução 2758 da ONU — que em 1971 reconheceu Pequim como o representante legítimo da China — para impedir Taiwan de desempenhar um grande papel na organização, de acordo com a Agência Central de Notícias estatal de Taiwan.
A Embaixada da China nos EUA rebateu os comentários, dizendo em um comunicado que eles "desconsideram os fatos" e são "altamente enganosos".
— Esta é uma grave provocação política à China e uma distorção maligna do direito internacional e das normas universalmente reconhecidas que governam as relações internacionais — disse a declaração, acrescentando que a China apresentou uma queixa solene aos diplomatas dos EUA.