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A China testou em agosto uma nova tecnologia de míssil hipersônico manobrável, capaz de voar em órbita baixa e carregar uma ogiva nuclear para atingir um alvo, reportou o jornal britânico Financial Times neste sábado (16/10).
Foguete chinês Longa Marcha similar ao que teria sido usado em teste de míssil hipersônico © Ju Zhenhua/Xinhua/picture alliance |
Citando fontes que tiveram acesso a detalhes sobre o teste, o jornal relata que o míssel circundou a Terra antes de descer rumo a um local pré-determinado, mas errou o alvo por cerca de 40 quilômetros.
O míssil hipersônico foi impulsionado por um foguete Longa Marcha, cujos lançamentos costumam ser informados por Pequim, mas nesse caso foi mantido em sigilo. Após atingir velocidade e altitude planejadas, o míssil se desacopla do foguete e plana em direção ao alvo.
Segundo o jornal, o teste feito pela China com uma arma hipersônica pegou de surpresa as agências de inteligência dos Estados Unidos, que não imaginavam que Pequim já teria capacidade para um lançamento do gênero.
Além da China, os Estados Unidos, a Rússia e pelo menos outros cinco países estão desenvolvendo mísseis hipersônicos.
Vantagens da tecnologia
Os mísseis hipersônico voam a cinco vezes a velocidade do som, mais lentos do que os mísseis balísticos tradicionais capazes de transportar ogivas nucleares. Porém, enquanto os mísseis balísticos voam mais alto em um trajetória fixa de arco para atingir seu alvo, os mísseis hipersônicos voam a uma altitude mais baixa e conseguem atingir seu alvo mais rapidamente.
Além disso, um míssel hipersônico é manobrável, como os mísseis susbsônicos de cruzeiro tradicionais, que são muito mais lentos. Isso faz com que armas com a nova tecnologia sejam mais difíceis de serem rastreadas e neutralizadas.
Países como os Estados Unidos têm sistemas capazes de defender um território de ataques com mísseis de cruzeiro e balísticos, mas não está claro se eles conseguem rastrear e neutralizar um míssel hipersônico.
A China vem desenvolvendo essa tecnologia rapidamente, que considera crucial para fazer frente aos Estados Unidos, segundo um relatório recente do Serviço de Pesquisa do Congresso americano.
A revelação do teste do míssel hipersônico ocorre em um momento de acirramento da tensão entre Washignton e Pequim, que ampliou sua atividade militar próxima a Taiwan, um país democrático e alinhado aos Estados Unidos que a China considera uma província a caminho e ser reintegrada ao seu território.
O Pentágono não comentou o relato do lançamento do míssil hipersônico chinês. A embaixada chinesa nos Estados Unidos também recusou-se a comentar o teste, mas disse ao Financial Times que o país sempre desenvolveu uma política de segurança "de natureza defensiva" e que seu desenvolvimento militar não tem o objetivo de atingir algum país específico e nem de promover uma corrida armamentista.