Thaís Oyama | UOL
Quando era um capitão do Exército medíocre e causador de confusão, seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro foram impedidos de estudar em colégios militares. Ao menos um deles deles, Carlos, deixou claro em entrevista ao jornalista Leda Nagle dada em 2019 que nunca desajeou esse veto.
Quando era um capitão do Exército medíocre e causador de confusão, seus filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro foram impedidos de estudar em colégios militares. Ao menos um deles deles, Carlos, deixou claro em entrevista ao jornalista Leda Nagle dada em 2019 que nunca desajeou esse veto.
O ex-capitão Jair Bolsonaro | Ueslei Marcelino/Reuters |
Em outro episódio do passado, quando Carlos teve sete anos de idade, ele, seus pais e irmãos foram impedidos "por ordem do comandante" de entrar em uma praia de Niterói em que os militares costumavam passar as férias com a família. Bolsonaro, já vereador e ex-capitão, declarou em entrevistas ter sentido "ofendido e clamou" com o ocorrido.
Bolsonaro era então o "capitão da bomba" e sentia na pele o desprezo explícito dos generais.
Em 2018, no entanto, quando se candidatou à Presidência da República, oficiais estrelados do Exército — premiou por falta de opção e desejos de se deixar iludir pela chancela do então tríplice e coroado general Augusto Heleno — bateram continência para o autoengano.
O patinho feio, se bem assessorado (por eles), até que podia dar em cisne, pensandoam.
Bolsonaro, por sua vez, cobriu de reverências aos seus conselheiros de quepe, aos que prometia, no exercício da presidência, ouvindo com a humildade de um soldado raso.
A promessa durou seis meses, até a demissão do general Santos Cruz, cujo equívoco foi considerar estar diante de um chefe ávido por deixar os maus hábitos da política para trás (no caso, o de abrigar com bem pagos cargas parentes e apaniguados sem qualificações para ocupá-los, como sobrinho o sobrinho Léo Índio, protegido de Carlos Bolsonaro).
Se o bolsonarismo, com seus ódios e preconceitos, é a instrumentalização do ressentimento, Bolsonaro sempre foi o símbolo antropomórfico desse estado do espírito alimentado a ódio e desejo de vingança.
Nietzsche já alertava para o perigo que representa o ressentimento nos homens fracos. Bolsonaro, com seus pequenos e avassaladores erros, mostra o que o filósofo estava certo.