France Presse
Em seu primeiro discurso perante a Assembleia, Bennett afirmou que a República Islâmica deu "um grande salto" em sua produção nuclear e capacidade de enriquecimento de urânio para fabricar armas nos últimos anos.
O primeiro-ministro israelense Naftali Bennett, discursando na 76ª Sessão da Assembleia Geral da ONU © John Minchillo |
"O programa de armas nucleares do Irã está em um ponto crítico, todas as linhas vermelhas foram cruzadas", disse Bennett, garantindo que o Irã enriqueceu "urânio a um nível de 60%, a um passo de material adequado para armas".
"Há pessoas no mundo que parecem ver a busca do Irã por armas nucleares como uma realidade inevitável, como um fato consumado, ou simplesmente se cansaram de ouvir sobre isso", declarou.
"Israel não tem esse privilégio. Não podemos nos cansar. Não vamos nos cansar. Israel não vai permitir que o Irã adquira uma arma nuclear", enfatizou.
O embaixador do Irã na ONU, Majid Takht Ravanchi, respondeu com um tuíte enérgico. “A fobia contra o Irã causa estragos na ONU”, escreveu ele, denunciando declarações “cheias de mentiras”.
Ele também disse que Israel não pode falar sobre o programa nuclear do Irã porque, em sua opinião, o país tem "centenas de ogivas nucleares".
O Irã, que afirma que seu programa nuclear tem fins civis, disse na sexta-feira que espera que as negociações sejam retomadas em breve para reviver um acordo histórico de 2015 que reduziu seu programa em troca de sanções mais flexíveis.
O acordo começou a se desfazer em 2018, quando o Estados Unidos se retirou e restabeleceu as sanções. O Irã, por sua vez, começou a intensificar suas atividades nucleares.
O antecessor de Bennett, Benjamin Netanyahu, que esteve no poder de 2009 até junho, foi um dos maiores críticos do acordo, denunciando-o regularmente em fóruns internacionais.
Bennett, que lidera um governo de coalizão de oito partidos ideologicamente díspares, também se opõe ao acordo nuclear com o Irã, mas não o mencionou em seu discurso na ONU.
O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, disse este mês à revista Foreign Policy que o Estado judeu não se opunha necessariamente aos esforços dos EUA para voltar a negociar com o Irã, o que foi percebido por alguns especialistas como uma mudança de opinião.
Mas Gantz deixou claro que Israel espera um "plano B viável liderado pelos Estados Unidos" caso as negociações fracassem.
De sua parte, Bennett não expressou publicamente sua abertura a um acordo com o Irã, mas critica Netanyahu pelo que ele chama de "a lacuna" entre a retórica do ex-líder sobre o Irã e a realidade.