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Na segunda-feira (30), os Estados Unidos terminaram a retirada das tropas do Afeganistão e concluíram assim 20 anos de sua missão no país. Em seu discurso à nação ontem (31), Biden afirmou que a saída do Estado centro-asiático termina a era das tentativas de reconstrução de outros países por meio da força.
Chanceler russo Sergei Lavrov © Sputnik / Sergei Guneev |
"Aparentemente, agora foi prometido acabar com as tentativas de impor a democracia", disse o chanceler russo na quarta-feira (1º). "Vamos ver como essas promessas vão ser implantadas na prática."
Se as declarações de Biden sobre a não intervenção nos assuntos de outros Estados forem verdadeiras, o alto diplomata espera que "daqui em diante no planeta haverá um pouco mais de tranquilidade", continuou.
Rússia saúda abordagem de não intervenção
Sergei Lavrov qualificou como positivas tais declarações e disse que Moscou saúda esse posicionamento.
"Um momento muito interessante, que foi marcado tanto pelo presidente dos EUA [Joe] Biden como pelo presidente da França [Emmanuel] Macron: os dois declararam, com intervalo de um ou dois dias, que é hora de acabar – desculpem pela expressão – com a intervenção nos assuntos internos de outros países com o objetivo de impor-lhes a democracia de modelo ocidental", disse.
"Nós saudamos tais declarações. Nós temos apelado por muito tempo a que se tirassem lições das aventuras nas quais nossos colegas ocidentais entraram nas últimas décadas."
Adicionalmente, ele ressaltou que a Rússia não aspira à confrontação nem ao isolamento e está disposta a cooperar com o Ocidente, mas não de acordo com o princípio "professor-aluno".
"Nós nunca aspiramos a qualquer confrontação, tanto mais ao isolamento, e estamos abertos para interação com esses mesmos países ocidentais, se eles mudarem sua abordagem e pararem de se posicionar como professores que sabem tudo e são infalíveis, enquanto a Rússia seria o aluno que deve fazer o trabalho de casa. Não se pode falar assim com ninguém, tanto mais com a Rússia", acentuou.
Após retirada, Rússia deve defender segurança de seus aliados
Após a retirada das tropas da OTAN do Afeganistão, a tarefa principal para Moscou é "manter a segurança de nossos aliados, dos Estados da Ásia Central. Isso porque, em primeiro lugar, eles são nossos companheiros de armas, em segundo lugar, disso depende diretamente a segurança das fronteiras do sul da Federação da Rússia", acrescentou o chanceler russo.
"Tenho muita esperança que juntos nós consigamos acordar tais passos externos que favoreçam a criação dentro do Afeganistão de condições para formação de uma liderança verdadeiramente nacional. E nós estamos trabalhando ativamente nessa direção", ressaltou Lavrov.