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De acordo com Marina LeGree, fundadora e diretora da ONG americana Ascend Athletics, entre 600 e 1.300 pessoas tentam deixar o país, incluindo 19 americanos, com a ajuda de sua organização e outras.
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"Sete dias se passaram e nada avança", disse ela à AFP, mencionando que há seis aviões prontos para decolar.
Sua organização tenta evacuar um grupo de afegãos com idades entre 16 e 23 anos e membros de suas famílias. Todos eles pertencem à minoria Hazara e temem a perseguição dos talibãs.
A saída dessas pessoas parecia avançada há poucos dias, antes que o Departamento de Estado dissesse que não poderia realizar os procedimentos de seleção de candidatos a deixar o país por falta de pessoal no local.
Para LeGree, os americanos estão se "desengajando".
Um porta-voz do Departamento de Estado disse não ter "dados confiáveis para confirmar as informações sobre os voos fretados, seja quem os está organizando, o número de cidadãos americanos ou membros de outros grupos prioritários a bordo (...) ou onde vão pousar".
Imagens de satélite do aeroporto com datas de 3 de setembro mostram seis aviões posicionados, um na pista e os demais próximos ao saguão.
Impopularidade
A oposição republicana dos EUA dá ênfase ao tema, em meio à crescente impopularidade do presidente democrata Joe Biden por sua forma de encerrar a guerra no Afeganistão.
"Isso (...) está realmente evoluindo para uma tomada de reféns. (O Talibã) não vai deixar os cidadãos americanos saírem até que tenha o total reconhecimento dos Estados Unidos", disse o congressista republicano Michael McCaul ao canal conservador Fox News.
O senador democrata Richard Blumenthal expressou sua impaciência em um comunicado: "Minha equipe e eu estamos tentando retirar esses aviões há dias (...) os atrasos não são apenas frustrantes, são imperdoáveis."
Eric Montalvo, ex-soldado e advogado também envolvido na tentativa de evacuação de Mazar-i-Sharif, foi mais incisivo: "O Talibã não mantém esses aviões como reféns. O problema é o governo dos Estados Unidos. Um telefonema e essas pessoas podem sair imediatamente".
A retirada militar dos EUA foi concluída em 31 de agosto, após semanas de caos diante do avanço meteórico dos talibãs.
Os Estados Unidos evacuaram mais de 120.000 pessoas por via aérea, mas admitiram ter deixado para trás cidadãos americanos, além de dezenas de afegãos vulneráveis, incluindo aqueles que cooperaram com Washington durante vinte anos de guerra.
Com informações da AFP