France Presse
O governo de Joe Biden afirmou que os talibãs prometeram deixar esses afegãos partirem, mas muitos que trabalharam para Washington durante sua missão de 20 anos temem retaliação.
Multidão de afegãos na pista do aeroporto de Cabul em 16 de agosto © AFP |
"Todos nós envolvidos estamos atormentados pelas decisões que tivemos que tomar e pelas pessoas que não pudemos ajudar a deixar (o país) nesta primeira fase da operação", disse o alto funcionário do Departamento de Estado.
"Sentimos um enorme compromisso de permanecer leais a todas as pessoas com a quais temos esta dívida. E continuaremos a fazer todo o possível nas próximas semanas e meses para honrar esse compromisso e ajudar aqueles que desejam deixar o Afeganistão", acrescentou a jornalistas sob condição de anonimato.
Nos últimos dias da guerra, os Estados Unidos transportaram mais de 123.000 pessoas do aeroporto de Cabul, incluindo cidadãos americanos e intérpretes, além de outros que apoiaram a missão e eram elegíveis a um visto especial de imigração.
Biden disse que o transporte aéreo foi uma operação sem precedentes, incluindo quase todos os americanos, deixando para trás pouco mais de 100. Mas o funcionário mencionado reconheceu que a maioria dos solicitantes de visto afegãos e suas famílias não teve sucesso.
A Casa Branca afirmou no início de agosto que cerca de 20.000 afegãos estavam tentando emigrar por meio do programa de visto, o que implica em mais de 100.000 pessoas se seus familiares forem incluídos.
O funcionário disse que o Talibã cooperou com a operação, em geral permitindo que as pessoas entrassem no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, vigiado pelas forças americanas. No entanto, segundo ele, a multidão nos portões de acesso tornou-se indisciplinada, impossibilitando o controle das credenciais emitidas pelas forças americanas.
“Não é uma crítica às pessoas que estavam desesperadas para partir. Essa é a característica do comportamento humano em tais condições”, disse a autoridade. "Acho que o que as pessoas não entendem é que a multidão do lado de fora do ponto de acesso estava prestes a se tornar uma multidão incontrolável."
Em 26 de agosto, um atentado suicida nos arredores do aeroporto e reivindicado pelo grupo Estado Islâmico deixou mais de 100 afegãos e 13 soldados americanos mortos, poucos dias antes das últimas tropas deixarem Cabul.