France Presse
A Austrália, que tem seis submarinos Collins de propulsão diesel-elétrica de fabricação sueca que entraram em serviço em meados da década de 1990, deveria renovar seu aparato com 12 submarinos convencionais de concepção francesa.
O presidente francês Emmanuel Macron e o então primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull no convés de um submarino australiano em Sydney © BRENDAN ESPOSITO |
Ao romper o contrato, o país optou por aumentar ainda mais suas capacidades: a propulsão nuclear permite maior discrição e autonomia ao submarino.
"É uma mudança de necessidade", resumiu o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.
Como outros, a Austrália está preocupada com uma Marinha chinesa cada vez mais presente. No final de 2020, Pequim tinha um total de 360 navios de combatente de superfície e submarinos, em comparação com 297 navios de toda a frota global dos Estados Unidos, de acordo com o Escritório de Inteligência Naval dos Estados Unidos (ONI).
E a China deve dispor de 400 até 2025 e 425 em 2030, segundo a ONI.
Pequim tem seis submarinos nucleares com lançadores de mísseis nucleares (SNLE) e cerca de quarenta submarinos de ataque, incluindo seis nucleares, de acordo com o Military Balance.
Washington, por sua vez, conta com 21 submarinos de ataque e oito SNLE baseados no Pacífico, principalmente em Pearl Harbor, segundo a Marinha dos Estados Unidos.
Se os Estados Unidos possuem na região 5 de seus 11 porta-aviões, a China iniciou a construção de seu terceiro porta-aviões e está construindo mais destróieres.
Entre 2015 e 2019, os estaleiros chineses construíram 132 navios, em comparação com 68 para os Estados Unidos, 48 para a Índia, 29 para o Japão, 17 para a França, 9 para a Austrália e 4 (incluindo dois porta-aviões) para o Reino Unido, de acordo com um estudo da publicação especializada Janes realizado no ano passado.
Em quatro anos, a China lançou o equivalente à frota francesa, segundo o almirante Pierre Vandier, chefe do Estado-Maior da Marinha Francesa, destacando "o histórico esforço naval chinês" que representa "mais de 55% do orçamento de defesa da China".
Este frenesi chinês tem consequências em toda a região, levando muitos países a implantar uma estratégia que visa proibir a potência chinesa de navergar perto de suas costas. Isso envolve, principalmente, a aquisição de submarinos.
Neste sentido, o Vietnã tem seis submarinos projetados pela Rússia, a Malásia dois submarinos, enquanto a Indonésia encomendou seis submarinos da Coreia do Sul e as Filipinas estão cogitando construir uma frota de submarinos.
Pequim contesta a soberania de todos esses países sobre parte do Mar da China Meridional.
Em outras partes do Pacífico, o Japão tem 23 submarinos, a Coreia do Sul 18, Singapura 2 e a Rússia uma dúzia.
Sinal das tensões na região e de seu interesse, a França, por sua vez, concluiu a implantação no Pacífico de um de seus submarinos nucleares de ataque, o Emeraude, no início de 2021, o primeiro desde 2001.