France Presse
"Ajudamos a construir um Estado, mas não conseguimos construir uma nação", disse o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, em uma audiência perante o Comitê das Forças Armadas do Senado sobre a retirada das tropas americanas do Afeganistão e a evacuação de civis.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin © Patrick Semansky |
"O fato de o exército afegão, que nós e nossos parceiros treinamos, simplesmente ter desvanecido, em muitos casos sem um único disparo, pegou todos nós de surpresa", disse ele. "Seria desonesto afirmar o contrário".
O secretário de Defesa também declarou que os Estados Unidos forneceram ao exército afegão "equipamento e aeronaves e o treinamento para usá-los", mas "não entendemos totalmente a profundidade da corrupção e a fraca liderança em seus altos escalões".
"Ao longo dos anos, muitas vezes eles lutaram bravamente", observou Austin. "Dezenas de milhares de soldados e policiais afegãos foram mortos. Mas no final, não pudemos dar a eles vontade de vencer. Pelo menos não a todos eles".
Por sua vez, o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, observou que os Estados Unidos não tiveram uma "avaliação completa do moral e da vontade da liderança" das forças armadas afegãs.
"Podemos contar todos os aviões, caminhões, veículos e armas e tudo mais", disse Milley. "Mas não podemos medir o coração humano com uma máquina", apontou.
O general americano também disse que o Talibã "era e continua a ser uma organização terrorista e que ainda não rompeu os laços com a Al-Qaeda".
"Não tenho ilusões sobre com quem estamos lidando", declarou.
"Resta saber se o Talibã pode ou não consolidar o poder ou se o país se dividirá em uma nova guerra civil", disse Milley.
"Mas devemos continuar a proteger o povo americano de ataques terroristas vindos do Afeganistão", considerou.
"Uma rede Al-Qaeda ou um grupo Estado Islâmico reconstituído com aspirações de atacar os Estados Unidos é uma possibilidade muito real", alertou ele aos senadores.