Sputnik
As relações entre o Hamas e o Sudão mostraram sinais de tensão na sexta-feira (24), depois que Cartum anunciou ter confiscado pelo menos uma dúzia de empresas ligadas ao grupo islâmico, que é considerado uma organização terrorista por vários atores regionais e internacionais.
Adnan Abu Samer, especialista político baseado em Gaza, diz que o Hamas não pode negar que suas "relações com o Sudão se deterioraram após a decisão deste de normalizar os laços com Israel".
Cartum reconheceu formalmente Israel em outubro do ano passado, após intensas conversações mediadas pelos EUA.
Cartum reconheceu formalmente Israel em outubro do ano passado, após intensas conversações mediadas pelos EUA.
A decisão do Sudão foi motivada pela vontade de o país ser retirado da lista de patrocinadores estatais de terrorismo, bem como sua necessidade de bilhões de dólares que pudessem salvar sua economia falha.
Após a normalização dos laços entre Israel e o Sudão, Abu Samer diz que o Hamas "não tem lugar no Sudão [...] As relações entre Cartum e o Hamas não podem ficar piores. O grupo islâmico via o Sudão como um parceiro. Essa parceria está agora terminada".
Hamas não desistirá
Por vários anos, o Sudão tem, supostamente, permitido a transferência de centenas de mísseis iranianos e outras munições para a Faixa de Gaza.
Porém, o especialista de Gaza acredita que o grupo não vai ficar parado observando sua antiga "base" sendo "arruinada".
O Hamas, que atualmente enfrenta uma grave crise econômica desencadeada pelo surto da pandemia do coronavírus, não pode sofrer mais perdas, e é por isso que Abu Samer está convencido de que o grupo já está trabalhando em um Plano B.
Apesar de al-Bashir já não deter o poder, o Sudão ainda tem vários partidos islamistas que apoiam o Hamas e que se opõem às relações de seu país com Israel. Sabendo disso, é provável que o grupo islâmico estreite os laços que tem com esses grupos, o que significa que o contrabando de capitais e armas através do Sudão está longe de ter terminado.