Tainá Farfan e Gustavo Uribe | CNN, de Brasília
A troca de mensagens, que a CNN teve acesso e apresentada durante o depoimento de Marcelo Blanco à CPI, indica que o tenente-coronel orientou a interlocução e acompanhou as tratativas do representante comercial da Davatti Supply Luiz Paulo Dominghetti com o Ministério da Saúde.
A troca de mensagens, que a CNN teve acesso e apresentada durante o depoimento de Marcelo Blanco à CPI, indica que o tenente-coronel orientou a interlocução e acompanhou as tratativas do representante comercial da Davatti Supply Luiz Paulo Dominghetti com o Ministério da Saúde.
Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, durante depoimento à CPI da Pandemia | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado |
Os diálogos mostram que, além de ter levado Dominghetti ao encontro do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, Blanco indicou ao representante que enviasse mensagem aos e-mails institucionais da pasta e chegou a identificar ao representante da empresa um funcionário do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.
No dia 1º de março, como revelam as mensagens do celular de Dominghetti, o representante da Davatti informou a Blanco que "Gean Silva" confirmou uma reunião na sede da pasta. Como resposta, Blanco identifica o funcionário público como secretário de Élcio Franco. "Sei quem é", acrescenta.
Durante toda a negociação com o Ministério da Saúde, Dominghetti faz questão de relatar os passos das tratativas a Blanco. E o questiona mais de uma vez se há novidades "nas duas frentes". Para integrantes da CPI da Pandemia, a expressão "duas frentes" é relativa aos setores público e privado.
Em depoimento, Blanco afirmou que, exonerado em janeiro do Ministério da Saúde, não atuou junto ao setor público para a compra de vacinas. Ele explicou que negociava apenas imunizantes para o setor privado.
Iniciativa Privada
A troca de mensagens mostra ainda o interesse do militar em aproveitar a negociação de vacinas da AstraZeneca com o Ministério da Saúde para se beneficiar na iniciativa privada.
Nas trocas de mensagens, Blanco defende a Dominghetti a necessidade de desenhar uma estratégia para o fornecimento de vacinas ao setor privado. O tenente-coronel pergunta ao representante da Davatti se o preço oferecido pela dose da AstraZeneca para a gestão pública poderia ser adotado também para o setor privado.
No dia 23 de fevereiro, dois dias antes do encontro no restaurante Vasto, no Shopping Brasília, Dominghetti diz que poderia viabilizar o mesmo preço para o setor privado, de US$ 3,97 por dose da AstraZeneca. O representante da Davatti, no entanto, afirma que, naquele momento, ninguém teria as doses da vacina para pronta entrega. Dias depois, em uma troca de áudios, Dominghetti afirma que teria vacinas para entrega entre cinco e oito dias.
A CNN entrou em contato com Élcio Franco e o Ministério da Saúde e aguarda um posicionamento.