Por G1
"Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagarem", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao falar nesta quinta-feira (26) sobre os responsáveis pelas explosões que deixaram várias vítimas no aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão.
"Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagarem", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao falar nesta quinta-feira (26) sobre os responsáveis pelas explosões que deixaram várias vítimas no aeroporto internacional de Cabul, capital do Afeganistão.
Presidente Joe Biden dos EUA em um pronunciamento após ataque terrorista no aeroporto de Cabul em 26 de agosto — Foto: Jonathan Ernst/Reuters |
Ele reafirmou a continuidade da missão de retirada de norte-americanos e civis afegãos aliados do país e disse que “esses terroristas do Estado Islâmico não vão vencer. Vamos resgatar os americanos. Vamos tirar nossos aliados afegãos. E nossa missão continuará. A América não será intimidada”.
“Também ordenei aos meus comandantes que desenvolvessem planos operacionais para atacar os principais ativos, liderança e instalações do EI”, acrescentou o presidente. “Responderemos com força e precisão no nosso tempo, no lugar que escolhermos, no momento de nossa escolha”.
“Eu instruí os militares em tudo que eles precisassem - se eles precisarem de força adicional, eu concederei”, garantiu.
Heróis
Biden ainda chamou de heróis os militares que "deram suas vidas" para salvar pessoas em uma operação que já retirou mais de 100 mil do Afeganistão nos últimos 11 dias, e disse que eles são o que há de melhor nos EUA.
“Heróis que se envolveram em uma missão perigosa e altruísta para salvar a vida de outras pessoas”, disse o presidente.
O Pentágono fala em "ataque complexo" e diz que há 13 militares americanos entre os mortos e ao menos 18 agentes feridos. Fontes do governo afegão dizem que ao menos 72 civis morreram e 150 ficaram feridos.
'Confiança' no Talibã
Questionado se confia no Talibã, com quem foi feito um acordo para garantir a segurança no aeroporto e a retirada dos estrangeiros do país até o dia 31, Biden afirmou que acredita que o grupo deve manter sua parte por uma questão de interesse próprio.
“Não é uma questão de confiança. É uma questão de interesse próprio mútuo", resumiu.
“Estamos apenas contando com seu interesse próprio para poder continuar suas atividades. E é do interesse deles que partamos quando dissemos e que retiremos o máximo de pessoas possível ”, disse ele.
“Eles não são boas pessoas, o Talibã. Não estou sugerindo isso”, assegurou.
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou que o ataque ao aeroporto internacional de Cabul foi um atentado terrorista, condenado pelo Talibã.
O EI-K, responsável pelas explosões, é mais radical do que o Talibã e criticou o acordo de paz responsável pela retirada estrangeira do Afeganistão.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin III, lamentou as mortes dos militares que atuavam no controle do aeroporto em um comunicado, mas confirmou que a retirada continua, como mais tarde Biden corroborou.
"Terroristas tiraram suas vidas no exato momento em que as tropas tentavam salvar a vida de outras pessoas", escreveu Austin. "Não seremos dissuadidos da tarefa que temos em mãos."
O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única porta de saída do país para milhares de estrangeiros e afegãos que tentam, desesperados, embarcar nos voos de retirada organizados pelos países ocidentais.
"Podemos confirmar que a explosão no portão da Abadia foi o resultado de um ataque complexo que resultou em várias vítimas americanas e civis", afirmou o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
"Podemos confirmar pelo menos uma outra explosão no hotel Baron ou próximo a ele, a uma curta distância do portão da Abadia".
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que "condena veementemente o horrível ataque terrorista fora do aeroporto de Cabul". "Nossa prioridade continua sendo evacuar o máximo de pessoas para um local seguro o mais rápido possível".
Duas fontes do governo americano disseram à agência de notícias Reuters que ao menos uma das explosões parece ter sido um ataque suicida causado por uma bomba.
O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que "o Emirado Islâmico [do Afeganistão] condena veementemente o bombardeio de civis no aeroporto de Cabul, ocorrido em uma área onde as forças dos EUA são responsáveis pela segurança".
Risco 'iminente' de atentado
O presidente dos EUA, Joe Biden, foi informado sobre ataque durante uma reunião com autoridades de segurança sobre a situação no Afeganistão, segundo a Reuters.
Mais cedo, EUA, Reino Unido e Austrália alertaram para o risco de um atentado "iminente" no local e pediram a seus cidadãos que abandonassem imediatamente a área do aeroporto devido a uma ameaça terrorista.
"As informações obtidas ao longo da semana são cada vez mais sérias e fazem referência a uma ameaça iminente e grave", afirmou mais cedo o secretário de Estado britânico das Forças Armadas, James Heappey. "É uma ameaça muito séria, muito iminente".
Entre as ameaças estavam um possível ataque do Estado Islâmico.
Única porta de saída
O aeroporto internacional Hamid Karzai é a única porta de saída do país para estrangeiros e afegãos. Mais de 100 mil pessoas já foram retiradas desde que o Talibã retomou o poder, em 15 de agosto, mas uma multidão ainda se aglomera dentro e ao redor do local, inclusive em valas.
Segundo o jornal "The New York Times", ao menos 250 mil afegãos que trabalharam para os EUA ainda não foram retirados do país — e o atual ritmo de evacuação não é suficiente para retirar todo mundo até terça-feira (31).
A data limite foi estipulada pelo presidente americano, Joe Biden, no começo de julho, que recusou os pedidos de aliados para adiar a saída definitiva do Afeganistão. O Talibã disse, reiteradas vezes, que não aceitaria a prorrogação do prazo.
A Alemanha anunciou nesta quinta, após as explosões no aeroporto de Cabul, que concluiu a retirada de seus soldados e equipe diplomática do Afeganistão.
Ameaça do Estado Islâmico
Entre os motivos apontados por Biden para negar o pedido estava a "aguda" ameaça terrorista do braço regional do grupo terrorista Estado Islâmico, responsável por alguns dos ataques mais violentos no Afeganistão e no Paquistão nos últimos anos.
O grupo terrorista fez atentados em mesquitas, santuários, praças e até hospitais nos dois países, além de ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges, como os xiitas.
"A cada dia, as operações suscitam um risco suplementar para nossas tropas", disse o presidente americano, citando a probabilidade de um atentado do Estado Islâmico em Cabul. "O inimigo número 1 dos talibãs visa o aeroporto para atacar as forças americanas e aliadas, bem como civis inocentes".
Embora o Estado Islâmico e o Talibã sejam sunitas radicais, os dois grupos extremistas são rivais.
O Estado Islâmico criticou o acordo de paz entre EUA e Talibã assinado em 2020, que estabeleceu as diretrizes para a retirada das tropas estrangeiras, e acusou os talibãs de abandonar a causa jihadista.