Ricardo Della Coletta | FOLHAPRESS
BRASÍLIA, DF - De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem, em 16 de agosto, um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.
BRASÍLIA, DF - De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) de um convite para que as autoridades acompanhem, em 16 de agosto, um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.
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Embora autoridades normalmente sejam chamadas a assistir à Operação Formosa, que ocorre na cidade de mesmo nome em Goiás, é a primeira vez que o convite ocorrerá com um desfile de blindados militares.
De acordo com a assessoria de comunicação da Defesa, trata-se de uma ação de divulgação do exercício. Segundo a Marinha, a Operação Formosa envolverá neste ano mais de 2.500 militares das três Forças -é a primeira edição que Exército e Aeronáutica participam.
No total, serão 150 diferentes equipamentos, entre carros de combate, blindados, aeronaves e lançadores de mísseis e foguetes. O objetivo é simular uma operação anfíbia.
Questionado, o Ministério da Defesa não precisou quantos desses veículos estarão no desfile desta terça.
"Nesta terça-feira, pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a caminho do Campo de Instrução de Formosa. Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à demonstração operativa", diz a Marinha, em nota.
A presença de blindados em frente ao Planalto -um local em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao lado do Congresso Nacional- ocorre em meio ao agravamento de uma crise institucional entre Bolsonaro e o Judiciário.
O presidente tem feito uma série de ameaças contra a organização das eleições do ano que vem. Na sua defesa do voto impresso, ele chegou a colocar em dúvida a realização do pleito.
"Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição", disse Bolsonaro em 1º de agosto.
Dias depois, ao ser incluído pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) como investigado no inquérito das fake news, o mandatário disse que poderia atuar fora dos limites constitucionais.
"Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele [pelo Supremo Tribunal Federal]. Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição", declarou Bolsonaro, durante uma entrevista.
Após reiterados ataques de Bolsonaro a integrantes do STF, principalmente contra Moraes e Luís Roberto Barroso, o presidente do tribunal, Luiz Fux, cancelou uma reunião prevista entre os chefes dos três Poderes.
A demonstração das Forças Armadas ocorrerá ainda na semana em que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso pode ser derrotada no Plenário da Câmara.
Pauta prioritária do bolsonarismo, a PEC foi rechaçada numa comissão especial na semana passada, mas o presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL), deve pautá-la em Plenário. Lira diz que planeja pautá-la para esta terça ou quarta-feira (11). A tendência é que deputados rejeitem a PEC.
Além da escalada de declarações golpistas de Bolsonaro, especialistas têm alertado para o risco de politização das forças.
No final de março, Bolsonaro demitiu o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo. De acordo com interlocutores, Azevedo vinha resistindo a pressões do presidente por um maior apoio das Forças Armadas na defesa de medidas do governo, principalmente na oposição a políticas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos.
No lugar, Bolsonaro nomeou o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, visto como um militar mais alinhado às pautas bolsonaristas.
Como resultado da demissão de Azevedo, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica também anunciaram que deixariam seus postos.