Deutsch Welle
Um guarda afegão morreu e outros três ficaram feridos em um tiroteio com homens armados não identificados no aeroporto de Cabul na madrugada desta segunda-feira (23/08). Soldados alemães e americanos também estiveram envolvidos no confronto, informou a Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha.
Desde a tomada do poder pelo Talibã, soldados estrangeiros vêm garantindo a segurança do aeroporto de Cabul |
Milhares de afegãos e estrangeiros vêm se aglomerando nos arredores do aeroporto há dias, na esperança de embarcar em um voo para o exterior após o Talibã capturar a capital, em 15 de agosto. Aterrorizados, eles temem represálias e um retorno ao rígido regime islâmico exercido pelo grupo islâmico quando esteve no poder, entre 1996 e 2001. Forças estrangeiras vêm garantindo a segurança do aeroporto.
A emissora CNN afirmou que o tiroteio desta segunda começou quando um sniper atirou de fora do aeroporto contra guardas afegãos – que são em sua maioria ex-soldados do governo que auxiliam as forças dos EUA – perto do portão norte do aeroporto, que estava fechado.
A embaixada alemã em Cabul havia alertado que situações perigosas e conflitos armados vêm ocorrendo com frequência nos acessos ao aeroporto e desaconselhou deslocamentos de cidadãos da Alemanha e forças afegãs ao local.
Após o tiroteio, dois oficiais da Otan afirmaram que a situação estava sob controle. Os três guardas afegãos feridos estão recebendo tratamento num hospital de campanha no aeroporto.
No domingo, o governo americano havia manifestado preocupação com um possível ataque do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) no aeroporto ou em seus arredores. "A ameaça é real, aguda e persistente", disse o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, à CNN. O Talibã e o EI são inimigos e lutaram entre si no passado.
Corrida contra o tempo
Segundo a Casa Branca, a zona de segurança ao redor do aeroporto foi ampliada, e o Talibã se mostrou cooperativo.
Combatentes talibãs foram deslocados para os arredores do aeroporto, onde vêm tentando estabelecer a ordem. No domingo, membros do grupo islâmico agrediram multidões, um dia depois de sete afegãos morrerem imprensados nos portões do aeroporto.
O presidente americano, Joe Biden, afirmou que soldados americanos poderão permanecer no país além do prazo previsto para conclusão de sua retirada, em 31 de agosto, para ajudar na remoção "difícil e dolorosa" de cidadãos americanos e afegãos vulneráveis. Mas um integrante da liderança talibã afirmou que o prazo não seria estendido.
No domingo, os EUA buscaram ajuda de companhias aéreas comerciais para o transporte de pessoas que já foram retiradas de Cabul e se localizam em bases militares e centros de acolhimento fora do Afeganistão. Desde 14 de agosto, cerca de 30 mil pessoas já foram retiradas do Afeganistão por via aérea.
O Talibã assumiu o poder em meio à retirada de tropas americanas e aliadas do país após 20 anos de guerra, iniciada após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA. O objetivo era caçar líderes da Al Qaeda e punir seus anfitriões talibãs.
O governo do ex-presidente Donald Trump assinou um acordo de paz com o Talibã no ano passado, permitindo que os EUA retirassem suas forças do Afeganistão em troca de garantias de segurança do grupo islâmico.