France Presse
O país atravessa uma de suas piores crises econômicas desde o final de 2019, segundo o Banco Mundial, e a escassez de combustível afeta o fornecimento de bens essenciais.
Um soldado libanês em frente a um posto de gasolina em Beirute, Líbano © ANWAR AMRO |
O Banco Central do Líbano anunciou na quarta-feira que só vai concordar com linhas de crédito com as taxas do mercado negro para a importação de combustível, o que aumentou os temores de uma nova alta nos preços e de escassez, inclusive de pão.
Vários estabelecimentos tiveram que fechar as portas por falta de combustível para seus geradores, enquanto o corte de energia elétrica pode chegar a até 22 horas por dia.
"Não vou recuar na decisão de retirar os subsídios aos combustíveis, a menos que o uso de reservas obrigatórias [de câmbio] seja legalizado", disse o diretor do Banco Central (BDL), Riad Salamé, a uma rádio local.
“Temos 14 bilhões de dólares de reservas [obrigatórias], além de 20 bilhões de dólares de ativos externos”, disse. As reservas cambiais do BDL ultrapassavam US $ 30 bilhões antes da crise.
A situação é tal que o centro médico da Universidade Americana de Beirute (AUBMC), um dos principais hospitais do país, alertou neste sábado que um "desastre iminente" se aproximava e disse que seria obrigado a encerrar suas atividades em 48 horas, se não conseguisse combustível.
As reservas do BDL foram reduzidas enquanto a libra libanesa perdeu mais de 90% do seu valor em relação ao dólar, aumentando o custo das importações.
O dólar está sendo negociado hoje no mercado negro por mais de 20.000 libras, em comparação com uma taxa oficial que permanece em 1.507 libras.
No sábado, filas intermináveis se formaram em frente aos postos de gasolina, enquanto cidadãos furiosos atacavam caminhões de distribuição de combustível, segundo a mídia local.
Em nota, o Exército ameaçou "apreender postos fechados, confiscar a gasolina ali [...] encontrada e distribuí-la direta e gratuitamente" aos motoristas.
De acordo com correspondentes da AFP, no início da tarde, os soldados forçaram a abertura de vários postos de serviço no norte de Beirute e outras áreas.
Alguns haviam fechado, economizando combustível, na esperança de que os preços aumentassem.