Por Sandra Cohen | G1
Em 20 anos, o Talibã se reergueu financeiramente tornando-se o mais poderoso empreendimento comercial do Afeganistão. De acordo com um relatório confidencial da OTAN obtido no ano passado pela Radio Free Europe/Radio Liberty, o orçamento do grupo para o exercício de 2019-20 foi de US $1,6 bilhão (R$ 8,4 bilhões na cotação atual, proveniente de fontes diversas, a grande maioria ilícita.
Em 20 anos, o Talibã se reergueu financeiramente tornando-se o mais poderoso empreendimento comercial do Afeganistão. De acordo com um relatório confidencial da OTAN obtido no ano passado pela Radio Free Europe/Radio Liberty, o orçamento do grupo para o exercício de 2019-20 foi de US $1,6 bilhão (R$ 8,4 bilhões na cotação atual, proveniente de fontes diversas, a grande maioria ilícita.
Membro do Talibã do lado de fora do aeroporto internacional Hamid Karzai , de Cabul, em 16 de agosto de 2021 — Foto: Reuters |
Listado em 2016 pela Forbes como o quinto mais rico entre dez organizações consideradas terroristas, com faturamento de US $400 milhões, o grupo quadruplicou em cinco anos seu patrimônio. Seus negócios prosperam, oriundos sobretudo do tráfico de drogas, de extorsão e cobrança impostos de fazendeiros de papoula, da mineração e de doações de fundos de caridade, especialmente de países do Golfo.
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da ONU em 2020, o Afeganistão figura como o maior produtor de ópio do mundo -- 84% do total. As áreas de cultivo da papoula são dominadas pelo Talibã, que arrecada 10% sobre todas as fases de produção, incluindo também o refino e a distribuição.
Outra fonte lucrativa e competitiva é a da extração ilegal de minério de ferro, mármore, cobre, ouro e zinco, que capta US$ 460 milhões por ano, com o mesmo modus operandi: a extorsão sobre os negócios em operação.
Todos os setores da economia são tributados pelo Talibã pelo sistema de dízimo, o que lhe permite a autossuficiência. Os negócios têm a supervisão do mulá Mohammad Yaqoob, filho mais velho do falecido mulá Omar, alçado a chefe militar e forte candidato à liderança do grupo radical.
Os doadores internacionais teriam contribuído com US $240 milhões por ano. São fundos oriundos de Paquistão, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. Países do Golfo, segundo relatório de 2018 do Conselho de Segurança da ONU, atuam como importante fonte para o Talibã lavar a receita das drogas.
Ainda assim, conforme constata o informe confidencial da OTAN divulgado pela rádio europeia, o grupo busca a independência financeira que lhe permita autofinanciar a insurgência “sem a necessidade de apoio de governos ou de cidadãos de outros países.”
O poder do Talibã contrasta claramente com o debilitado governo afegão, corrupto, dividido e dependente de forças estrangeiras. O resultado se apresenta aos nossos olhos, com a vitória e a rápida retomada do controle do país, após a debandada das forças dos EUA.