Murillo Ferrari | CNN
Fontes ouvidas pela CNN Internacional nesta quinta-feira (26) afirmaram que as operações dos Estados Unidos para a retirada de norte-americanos e de afegãos de Cabul devem acabar nas próximas 36 horas, portanto, na sexta-feira (27).
Centenas de norte-americanos e afegãos embarcam em avião C-17 da Força Aérea dos EUA no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul / Sgt. Donald R. Allen – 24.ago.2021/U.S. Air Force via AP |
Até o momento, cerca de 1,5 mil cidadãos dos EUA permanecem em Cabul e aguardam voos para deixar o Afeganistão. Ao todo, no entanto, haveria mais de 10 mil pessoas no Aeroporto Internacional Hamid Karzai.
Para cumprir essa meta de concluir as operações na sexta, os militares dos EUA aumentaram a frequência dos voos partindo de Cabul. Desde quarta-feira (25), o intervalo médio de decolagem entre as aeronaves no país passou a ser de 39 minutos, segundo o Pentágono.
Segundo uma das pessoas ouvidas pela CNN, os britânicos partiriam de forma definitiva do Afeganistão na noite desta quinta-feira (hora local) e seriam seguidos pelos norte-americanos, na sexta. A CNN entrou em contato com o Ministério da Defesa do Reino Unido para comentar o assunto.
150 norte-americanos precisam de ajuda para chegar ao aeroporto
Além dos 1,5 mil norte-americanos que já estão no aeroporto de Cabul, os EUA estimam que 150 de seus cidadãos no Afeganistão ainda precisam chegar ao aeroporto, de acordo com uma fonte familiarizada com a situação ouvida pela CNN.
Segundo a fonte, essa estimativa diz respeito ao número de pessoas que precisam de assistência para chegar ao aeroporto e foi contabilizada por volta das 8 horas desta quinta (horário do Afeganistão).
Nesta madrugada desta quinta, 200 pessoas foram levadas para a base e deixaram o país. Isso eleva o total de cidadãos norte-americanos retirados do Afeganistão desde 14 de agosto para 4.700, acrescentou a fonte.
A declaração sugere que o total operacional de americanos que precisam ser retirados é menor do que os totais mais amplos fornecidos pelo secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken.
Blinken disse na tarde de quarta-feira (25) que 500 americanos foram identificados e precisavam de ajuda para chegar ao aeroporto. O secretário de Estado acrescentou que havia outros 1.000 que poderiam precisar de ajuda, mas cuja cidadania ou desejo de sair eram incertos.
Dado o número de pessoas retiradas do país durante a noite, o total operacional de 150 pode ser uma atualização revisada no total de 500 do Blinken e pode até incluir alguns dos 1.000 casos incertos.
Retirada de cidadãos afegãos
A fonte acrescentou que o foco agora está na equipe afegã que trabalhava para a embaixada dos Estados Unidos. “Os cidadãos norte-americanos ainda estão chegando. A prioridade agora mudou para a equipe local”, disse o funcionário ouvido pela CNN.
A fonte estimou haver cerca de 1.800 funcionários da Embaixada dos EUA no Afeganistão que ainda devem chegar ao aeroporto – e eles tem essas 36 horas para fazê-lo. Os EUA já recuperaram e retiraram do país outros 1.300 funcionários locais da embaixada.
O acesso ao aeroporto, no entanto, está cada vez mais difícil, disse a fonte, explicando que todos os portões, exceto aquele que as forças de segurança afegãs usavam extra-oficialmente para trazer seus refugiados, foram fechados.
O principal ponto de acesso no aeroporto para muitos portadores de Vistos Especiais de Imigração (SIVs), o Abbey Gate, foi “totalmente fechado” na manhã desta quinta-feira, possivelmente devido a uma das muitas ameaças de ataques com dispositivos explosivos improvisados.
Ameaça de ataque terrorista
Segundo os serviços de inteligência dos EUA, há risco de iminente de um “ataque terrorista de alta letalidade” no aeroporto de Cabul por membros do Estado Islâmico K, conhecido também pela sigla “Isis-K”, inimigo do Talibã.
A recomendação das autoridades é que as pessoas não fiquem dentro do aeroporto, mas sim que voltem para a cidade de aguardem novas instruções. O prazo dado para o Talibã para a retirada total das tropas estrangeiras é a próxima terça-feira (31).
(*Com informações de Nick Paton Walsh, da CNN, em Doha)