Caio Barbieri | Metrópoles
Além da filha, pelo menos dois parentes diretos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, atual secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, receberam o auxílio emergencial, recurso liberado pelo governo federal para atender a famílias vulneráveis durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados são do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Além da filha, pelo menos dois parentes diretos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, atual secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, receberam o auxílio emergencial, recurso liberado pelo governo federal para atender a famílias vulneráveis durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados são do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU).
General Eduardo Pazuello | Divulgação |
Stephanie dos Santos Pazuello é filha legítima do general da ativa do Exército. No ano passado, quando o militar já ocupava o ministério, ela recebeu um total de R$ 2,4 mil dos cofres públicos, em duas parcelas do auxílio: uma em abril e outra em julho.
Atualmente, aos 35 anos, Stephanie ocupa um cargo por indicação, desde janeiro deste ano, na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. De acordo com a publicação, a herdeira foi nomeada para exercer o cargo de assistente da secretaria, com salário inicial de R$ 1.884,00.
Em julho do ano passado, ela tinha um cargo também comissionado, mas na Rio Saúde – empresa pública da prefeitura. O salário era de R$ 7.171,00. O pagamento do benefício federal foi referente ao mês de maio, portanto, antes de Stephanie tomar posse na instituição.
Sobrinhos
Dois filhos de Cynthia Pazuello – irmã mais velha e administradora das empresas da família do ex-ministro – também aparecem na lista de beneficiados pelo programa assistencial sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para a Receita Federal, a empresária declara o capital social de R$ 1,2 milhão.
O caçula de Cynthia, David Pazuello Franco de Sá, por exemplo, é técnico em informática e tem uma vida confortável com a mãe, em Manaus. Eles moram no condomínio Monte Líbano, na badalada rua Efigênio Salles, área nobre da capital amazonense. Com cerca de 25 anos, o rapaz recebeu R$ 4,2 mil do auxílio emergencial no ano passado, divididos em 9 parcelas: de abril a dezembro de 2020.
Da mesma forma, Raquel Pazuello Silva, que é uma das irmãs dele, também recebeu o dinheiro extra do governo federal. Mesmo morando na Califórnia, nos Estados Unidos, conforme ostenta nas redes sociais, a engenheira elétrica formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sacou R$ 3,3 mil do programa destinado a famílias mais carentes afetadas pela pandemia.
No caso dela, foram 7 saques, entre os meses de julho a dezembro de 2020, em parcelas que variaram de R$ 300 a R$ 600. De acordo com o Portal da Transparência, apenas o valor do repasse referente ao mês de maio do ano passado (de R$ 600) foi devolvido aos cofres públicos.
O que dizem os envolvidos?
A Controladoria-Geral da União informou ao Metrópoles que as referidas informações retiradas do Portal da Transparência são de responsabilidade do Ministério da Cidadania, encarregado pela liberação dos benefícios. Procurado, o órgão não havia se pronunciado sobre o caso até a publicação da reportagem.
Da mesma forma acionada, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República direcionou a demanda para a assessoria de imprensa da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto.
O órgão também não se posicionou acerca da situação dos benefícios direcionados a parentes do ex-ministro e atual secretário. O espaço segue aberto e poderá ser atualizado se houver manifestações dos órgãos federais.
Já a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, onde Stephanie Pazuello exerce função atualmente, informou que, “segundo apurado com a profissional, que não é servidora municipal efetiva, o auxílio emergencial foi recebido em 2020, em período anterior às funções exercidas junto a órgãos da Prefeitura do Rio de Janeiro”.
Cortes
Desde o início do crédito do auxílio emergencial 2021, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cortou ao menos 4,4 milhões de brasileiros do pagamento do benefício.
Em anúncio no fim da tarde da última quinta-feira (12/8), o governo federal divulgou o calendário das três parcelas extras do auxílio. Segundo o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos-BA), cerca de 35 milhões de brasileiros serão assistidos.
Para evitar recebimentos indevidos, a pasta realiza um pente-fino, todo mês, nos beneficiários do auxílio emergencial. Isso faz com que algumas pessoas, por exemplo, não recebam todos os pagamentos.
Em relação ao ano passado, a diferença é ainda maior. Em 2020, 68,3 milhões receberam ao menos uma parcela. Isso significa que cerca de uma a cada duas pessoas foi excluída, desde então, do programa.
“Esse procedimento, conhecido como revisão mensal, visa garantir que o benefício chegue exclusivamente aos cidadãos de menor renda”, alegou a pasta, à época.