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Os militares israelenses disseram que tinham como alvo prédios pertencentes ao Hamas, o grupo militante que controla Gaza.
Balões incendiários são comumente usados por militantes | GETTY IMAGES |
Os balões incendiários provocaram 20 incêndios no sul de Israel na terça-feira (15/06).
O Hamas disse que os balões foram uma resposta a uma marcha de nacionalistas israelenses em Jerusalém Oriental.
Não houve vítimas em nenhum dos lados e a calma foi restaurada na manhã de quarta-feira.
O que sabemos sobre os ataques?
Em um comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que seus aviões de combate atingiram complexos militares operados pelo Hamas em Khan Younis e na Cidade de Gaza.
A nota diz que uma "atividade terrorista" ocorreu nos complexos, e que as IDF estavam "preparadas para todos os cenários, incluindo a retomada das hostilidades, em face dos contínuos atos de terror na Faixa de Gaza".
Um porta-voz do Hamas disse no Twitter que os palestinos continuarão a perseguir sua "brava resistência e defender seus direitos e locais sagrados" em Jerusalém.
O IDF disse que os ataques foram realizados em resposta aos "balões incendiários lançados de Gaza para Israel".
Nos últimos anos, os militantes frequentemente usaram balões e pipas carregando contêineres com combustível em chamas e artefatos explosivos pela fronteira de Gaza.
Os dispositivos causaram centenas de incêndios em Israel, queimando milhares de hectares de florestas e fazendas.
Os ataques aéreos foram os primeiros realizados sob o novo governo de Israel, que assumiu o poder no domingo e encerrou 12 anos de Benjamin Netanyahu no poder.
O novo primeiro-ministro, Naftali Bennett, é um nacionalista de direita que lidera uma coalizão de oito partidos que abrangem todo o espectro da política israelense.
Um lembrete da fragilidade do cessar-fogo
Rushdi Abu Alouf, BBC News, Cidade de Gaza
Os recentes ataques aéreos duraram apenas 10 minutos, mas foram o suficiente para lembrar aos moradores da cidade, que ainda estão tentando se recuperar das consequências dos recentes combates, que o cessar-fogo é frágil.
Não são apenas os sons das explosões que lembram as pessoas da guerra. Você só precisa dirigir seu carro ou andar pelas ruas da cidade para testemunhar a escala de destruição que se abateu sobre ela. Toneladas de entulho ainda bloqueiam as principais ruas do centro de Gaza.
Um ambulante, Abu Muhammad, vende nozes em uma pequena carreta no bairro de Rimal, que sofreu os mais violentos ataques na recente onda. Ele me disse: "Não podemos mais tolerar mais guerras. A pandemia do coronavírus interrompeu nosso trabalho por muitos meses, e a última guerra causou uma grande perda, não pude mais alimentar meus seis filhos".
Um vizinho, que mora perto de um alvo militar do Hamas que foi atingido nos últimos ataques, me disse por telefone que era assustador ver novas colunas de fumaça no local.
O que aconteceu na marcha de Jerusalém?
A marcha da bandeira do Dia de Jerusalém é um evento anual que marca a captura de Israel de Jerusalém Oriental — onde fica a Cidade Velha e seus locais sagrados — na guerra de 1967. Os palestinos consideram essa marcha uma provocação.
No evento de terça-feira, centenas de jovens israelenses nacionalistas dançaram, cantaram e agitaram bandeiras israelenses em frente ao Portão de Damasco da Cidade Velha, a entrada principal do Bairro Muçulmano.
Posteriormente, eles entraram por outro portão para chegar ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, criticou um grupo de manifestantes que foram filmados entoando slogans racistas.
"O fato de haver extremistas para quem a bandeira israelense representa ódio e racismo é abominável e intolerável", disse Lapid. "É incompreensível como alguém pode segurar uma bandeira israelense e gritar 'Morte aos árabes' ao mesmo tempo."
Mais de 30 manifestantes palestinos ficaram feridos e 17 pessoas foram presas enquanto a polícia israelense esvaziava áreas de Jerusalém Oriental antes da marcha, disparando granadas de choque e balas de borracha.
A marcha da bandeira estava marcada para acontecer em 10 de maio. Mas foi interrompida por militantes do Hamas em Gaza disparando foguetes contra a cidade sagrada, o que levou ao conflito de 11 dias.
Assim que o cessar-fogo foi decretado, os organizadores pediram que a marcha fosse remarcada.
Ela teria acontecido na quinta-feira da semana passada, mas foi novamente cancelada pelos organizadores, depois que a polícia israelense rejeitou a rota proposta, alegando preocupações de segurança.
Uma rota corrigida que evitava passar pelo Portão de Damasco foi posteriormente aprovada pelo novo governo israelense. Ainda assim, o líder do partido islâmico árabe Raam, que faz parte da coalizão do governo, disse que ela deveria ter sido cancelada.
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina advertiu que pode haver "repercussões perigosas" do ato.
Por que houve conflito em Gaza no mês passado?
O conflito começou após semanas de tensão crescente entre israelenses e palestinos em Jerusalém Oriental, que culminou em confrontos em um local sagrado reverenciado por muçulmanos e judeus.
O Hamas começou a disparar foguetes contra Israel desencadeando ataques aéreos de retaliação de Israel contra alvos de Gaza.
Pelo menos 256 pessoas foram mortas em Gaza, de acordo com a ONU, e 13 em Israel — antes do cessar-fogo mediado pelo Egito entrar em vigor em 21 de maio.
A ONU disse que pelo menos 128 dos mortos em Gaza eram civis. Os militares israelenses disseram que 200 eram militantes; O líder do Hamas em Gaza estima o número de combatentes mortos em 80.
Mais de 16 mil casas em Gaza foram destruídas ou danificadas no conflito, junto com 58 escolas e centros de treinamento, nove hospitais, 19 clínicas e outras estruturas, de acordo com a ONU.