Denise Chrispim | Poder 360
Esta é a 11ª vez que o Brasil fará parte do colegiado. A última foi no biênio 2010-2011. O país foi a única nação de língua portuguesa e o única a concorrer à vaga pelo Grupo América Latina e Caribe. Ocupará a cadeira que hoje é de São Vicente e Granadinas.
© Alan Santos/PR |
Em nota, o Itamaraty disse que “o resultado reflete o reconhecimento da histórica contribuição brasileira para a paz e a segurança internacionais”. Também “buscará traduzir em contribuições tangíveis a defesa da paz e da solução pacífica das controvérsias, dentre outros princípios inscritos na Constituição Federal de 1988 e na Carta das Nações Unidas”.
O país pretende fortalecer as missões de paz da Organização e defender as questões ligadas à combinação da segurança com o desenvolvimento.
O governo brasileiro cumprimentou a Albânia, os Emirados Árabes Unidos, Gabão e Gana por também terem sido eleitos. A posse se dará em janeiro de 2022.
Bastidores
O Poder360 apurou que o Brasil não poderia ter concorrido ao assento não-permanente para o biênio 2022-2023. Isso porque, em 2016, o governo Dilma Rousseff não colocou o nome na lista de países que se candidatariam para ocupar essa posição. A candidatura para a vaga sempre ocorre 5 anos antes.
A questão foi percebida e resolvida durante o governo de Michel Temer. No entanto, dadas as listas já prontas de candidatos para os próximos anos, o país somente teria chance de conseguir a posição em 2033. A alternativa foi negociar a vaga de Honduras, que aceitou cedê-la ao Brasil.
No Itamaraty, a avaliação é de que o Brasil dificilmente conseguiria os votos necessários para sua eleição se o ex-ministro Ernesto Araújo estivesse ainda no cargo de chanceler. A mudança no comando do Ministério das Relações Exteriores, com a escolha do embaixador Carlos França, trouxe a diplomacia brasileira de volta a seu tradicional eixo. Os 181 votos recebidos pelo Brasil refletem essa decisão.
Ainda não está claro se, no biênio 2022-2023, o Brasil manterá a histórica combinação com a Argentina na atuação de ambos no Conselho de Segurança da ONU. Desde o início dos anos 2000, há sintonia dos 2 países nas posições que cada um expressa no colegiado.
Os atritos acumulados na relação de Bolsonaro com o presidente argentino, Alberto Fernández, não indicam que as missões dos dois países nas Nações Unidas continuará afinada.