Jornal de Brasília
A cidade israelense de Lod, próxima a Tel Aviv, foi colocada em estado de emergência nesta terça-feira (11), em meio a grandes confrontos nas ruas entre israelenses árabes e judeus. O prefeito Yair Revivo pediu ajuda do Exército e disse que o local está à beira de uma guerra civil.
“Sinagogas estão sendo queimadas. Centenas de carros incendiados. Centenas de criminosos árabes vagando pelas ruas. A guerra civil estourou em Lod”, escreveu o prefeito. “A comunidade nacionalista ortodoxa tem armas. Estou implorando para voltarem para casa, mas eles, compreensivelmente, querem proteger suas casas. Coquetéis molotov estão sendo lançados em casas de judeus. Isso é a Noite de Cristais em Lod”, acrescentou Revivo, em referência ao ataque nazista a judeus alemães em 1938.
A cidade foi colocada em estado de emergência, e o governo central enviou militares para conter a violência. Eles farão o controle dos acessos à região e poderão decretar lockdown. Lod tem cerca de 75 mil habitantes e fica nos arredores de Tel Aviv. Nela, fica o aeroporto Ben Gurion, o principal do país.
O premiê Binyamin Netanyahu foi à cidade na noite desta terça e disse que não tolerará a situação. “Se isto não é uma situação de emergência, não sei o que é. Estamos falando de vida e morte aqui.”
Segundo o Jerusalem Post, ao comentar as cenas em Lod, o chefe da polícia de Israel, Kobi Shabtai, disse que esse tipo de violência não era visto desde outubro de 2000, quando ocorreu a Segunda Intifada.
Lod já havia sido palco de conflitos na noite de segunda (10). Cerca de 200 árabes israelenses fizeram um protesto em solidariedade aos palestinos de Jerusalém Oriental e Gaza, e as tensões cresceram após parte dos manifestantes lançar pedras e coquetéis molotov contra a polícia e edifícios, além de incendiar lixeiras e pneus. Dezesseis ativistas foram presos na cidade.
Um morador, Musa Hassuna, 33, foi morto a tiros em meio ao confronto com as forças de segurança, e seu funeral reuniu uma multidão. Nesta terça, testemunhas citadas pela mídia israelense disseram que um ou dois judeus armados atiraram em árabes, matando um e ferindo dois. Além dos confrontos, um míssil atingiu a casa de uma família árabe em Lod - uma mulher e uma criança morreram.
A nova fase de hostilidades entre Israel e o grupo islâmico Hamas foi desencadeada por confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, iniciados na sexta (7). No centro dos conflitos estão a liberdade de culto em alguns pontos da Cidade Antiga - que os palestinos dizem estar sendo tolhida– e uma decisão judicial que prevê o despejo forçado de famílias palestinas de uma área disputada em Jerusalém.
Nesta terça, Israel enviou 80 jatos para bombardear a região de Gaza e concentrou tanques na fronteira, enquanto, em retaliação, o Hamas disparou 130 foguetes contra Tel Aviv, segunda maior cidade e capital econômica de Israel. A facção radical, que controla Gaza e é considerada terrorista por Israel, EUA e União Europeia, disse que as ações são uma resposta ao ataque do governo israelense que derrubou um edifício de 13 andares em Gaza que abrigava um escritório usado pela liderança política do grupo.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ao menos 35 palestinos morreram, incluindo dez crianças, e 152 ficaram feridos. Israel contesta os relatos das autoridades de Gaza sobre as vítimas, assumindo a responsabilidade apenas pelas mortes de 15 combatentes do Hamas. Do lado israelense, foram registradas cinco mortes, na pior troca de ataques aéreos em anos na região.