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Os autores alertam que a "sobrevivência" da França está em jogo, após as "concessões" feitas ao islamismo, e se dirigem diretamente ao presidente francês, Emmanuel Macron, aos parlamentares e aos oficiais. "É hora de agir, senhoras e senhores. Não se trata, desta vez, de fórmulas prontas ou midiatização. Não se trata de prolongar seus mandatos ou de conquistar outros. Trata-se da sobrevivência de nosso país, do seu país", escrevem os militares.
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Os autores explicam que entraram há pouco tempo na carreira militar e, por questões legais, não podem ser identificados. "Somos o que os jornais chamam de geração do fogo. Homens e mulheres na ativa, da Marinha, Exército e Aeronáutica, de todos os níveis hierárquicos. Nós amamos nosso país", escrevem. Eles também declaram que uma "guerra civil se prepara".
O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, denunciou nesta segunda-feira (10) uma "manobra grosseira" e a "falta de coragem" de "pessoas anônimas", frisou em entrevista ao canal de TV BFMTV. "Que sociedade corajosa essa que dá a palavra para pessoas no anonimato. Parece que estamos em uma rede social", disse Darmanin.
"Quando somos militares, não fazemos esse tipo de coisa escondido", acrescentou, reforçando que "se trata de uma manobra grosseira" com a proximidade das eleições regional e presidencial no país. O texto dos militares também denuncia "o caos e a violência" que atinge o país. "Vemos que o ódio e sua História vão se tornar a norma", dizem os militares. O artigo, em forma de petição, recebeu mais de 75 mil assinaturas algumas horas após a publicação.
Texto preocupa esquerda francesa
"Se uma guerra civil estourar, as forças armadas manterão a ordem em seu próprio território, porque vão nos pedir isso", diz o texto. O texto foi publicado menos de três semanas depois do primeiro artigo assinado por militares franceses, entre eles, 19 generais.
"Cadê a deontologia? Como podemos deixar entender que as Forças Armadas são movidas por esses sentimentos e pelo desejo de questionar certos princípios da República?", questionou o ex-presidente francês François Hollande.
"Isso me preocupa", reagiu o líder do Partido Socialista francês, Olivier Faure. Ele estima que a esquerda deveria "fazer uma reflexão diante de todas essas ameaças", declarou. "Há militares na ativa que querem assinar um texto de maneira anônima. São covardes. Eu não tenho medo, digo meu nome, e o que farei se for eleito: expulsar das forças armadas esses membros", disse Jean-Luc Mélenchon, candidato às eleições presidenciais do partido França Insubmissa.
O procurador de Paris, Rémy Heitz, rejeitou o pedido dos parlamentares para abrir um processo contras os autores do texto, porque não cometeram "nenhuma infração".