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Confrontos entre manifestantes palestinos e forças de segurança israelenses nesta segunda-feira (10/05) no entorno da mesquita Al Aqsa deixaram mais de 300 feridos.
Palestinos em confronto com a polícia israelense em frente à mesquita Al Aqsa, em Jerusalém |
As tensões se acirraram enquanto Israel comemora o aniversário da tomada de Jerusalém durante a guerra árabe-israelense de 1967. À época, os israelenses capturaram o leste da cidade e a parte antiga, onde se localizam locais sagrados de judeus, muçulmanos e cristãos.
Após confrontos esporádicos durante a noite, a violência aumentou durante o dia, com palestinos atirando pedras contra a polícia, que respondia com balas de borracha e bombas de efeito moral.
O Crescente Vermelho da Palestina afirmou que 305 pessoas ficaram feridas, sendo que 228 tiveram que ser levadas para hospitais, muitas delas em estado grave. Do lado da polícia, 21 agentes ficaram feridos.
Os palestinos chegaram a erguer barricadas improvisadas durante os confrontos. Os confrontos duraram várias horas, mas, depois de um pedido do diretor da Al Aqsa, o xeique Omar Kiswani, os manifestantes removeram os entulhos do local para que as preces pudessem ser retomadas.
Segundo testemunhas, a polícia israelense retrocedeu e passou a permitir a entrada no local de pessoas com mais de 40 anos, consideradas como menos prováveis de aderirem à violência.
Cidade sagrada de judeus muçulmanos e cristãos
A Al Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado para o Islã, se tornou um ponto central de violência em Jerusalém durante o mês sagrado do Ramadã, que neste ano ocorre entre 13 de abril e 12 de maio. Os confrontos elevaram os temores da comunidade internacional quanto a um possível alastramento para outras regiões.
Os Estados Unidos pediram a Israel que assegure a calma durante o chamado Dia de Jerusalém. Numa tentativa de apaziguar a situação, a polícia israelense proibiu grupos judaicos de visitarem a praça da mesquita, que muitos judeus consideram como sendo o local de antigos tempos judaicos.
Mesmo assim, uma marcha tradicional do Dia de Jerusalém, na qual milhares de jovens judeus portando bandeiras israelenses caminham pela cidade velha, incluindo o bairro muçulmano, estava marcada para ocorrer.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu país trabalha para assegurar a lei e a ordem em Jerusalém, ao mesmo tempo em que visa preservar a "liberdade religiosa e a tolerância para todos”.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, acusou o que chamou de as "forças de ocupação israelenses” de agir com brutalidade próximo a Al Aqsa.
Israel considera Jerusalém a sua capital, incluído a parte do leste, cuja anexação não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade, para que se torne a capital do estado que buscam criar na Cisjordânia ocupada e em Gaza.
Hamas assume autoria de ataque com mísseis
As tensões se agravaram nos últimos dias com o plano israelense de remover famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, no leste de Jerusalém. A decisão se tornou alvo de uma batalha na Justiça.
Um tribunal local decidiu em favor de colonos judeus que reivindicam a posse da terra onde se localizam as casas dos palestinos, que consideram a ação como uma tentativa de Israel de expulsá-los do leste de Jerusalém.
A Procuradoria-geral de Israel conseguiu o adiamento de uma audiência sobre essa questão na Suprema Corte do país, que estava marcada para esta segunda-feira.
O clima tenso e Jerusalém continuou durante o dia, inclusive com o lançamento de mísseis contra a cidade. O Hamas assumiu a autoria do ataque. Até o momento, não havia informações sobre vítimas.
Os projéteis foram disparados após o término de um prazo dado pelo Hamas para que as forças de segurança israelenses deixassem o entorno da Al Aqsa.