Andrew Carey | CNN
O conflito entre judeus e palestinos em Sheikh Jarrah, um bairro de Jerusalém Oriental, está na origem do atual confronto militar no Oriente Médio.
O conflito entre judeus e palestinos em Sheikh Jarrah, um bairro de Jerusalém Oriental, está na origem do atual confronto militar no Oriente Médio.
Bairro em Jerusalém Oriental está na origem do atual conflito no Oriente Médio | Foto: Reprodução/CNN |
Por conta de um acordo entre a ONU e a Jordânia, que em 1948 controlava Jerusalém Oriental, 28 famílias palestinas receberam um lugar para morar no bairro, em troca de abrir mão de seu status de refugiadas. Mas, depois que Israel tomou o controle da cidade, e usando uma lei aprovada em 1970, uma organização está pedindo a expulsão das famílias, argumentando que a terra pertencia a famílias judias.
Sete famílias palestinas que já vivem lá desde os anos 1950 enfrentam a ameaça de despejo nos próximos meses: o Supremo Tribunal de Israel deve ouvir o recurso em breve. "É nosso direito. Nós somos os donos da terra. Ainda estamos resistindo. Vamos ficar aqui mesmo que eles não queiram", afirma Nabeel el Kurd, de 77 anos, chefe de uma das famílias. Três despejos já aconteceram.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel caracteriza o que está acontecendo como uma disputa imobiliária. Mas as famílias palestinas dizem que isso é uma "grande injustiça" e que por causa de uma lei israelense aprovada em 1950, elas não têm o direito de voltar para as antigas casas em Israel, que foram dadas a famílias judias.
Enquanto isso, ataques com spray de pimenta e cadeiras de plástico voando por toda parte tornaram-se cenas comuns durante o Ramadã – o mês sagrado para o os muçulmanos – por lá. Após um carro ser incendiado nas proximidades, vídeos mostram judeus armados com pistolas, aparentemente assumindo suas posições para defender o edifício.
Nas ruas, garrafas, pedras e outros objetos são lançados pelos manifestantes. A polícia usa bombas de efeito moral e faz prisões por ameaça à ordem pública. Os moradores palestinos dizem que o verdadeiro objetivo é a intimidação.
Outra cena comum: um caminhão dispara jatos de água podre – para dispersar a multidão, segundo a polícia. Os moradores que têm de conviver com o mau cheiro em casa e no jardins dizem que isto é humilhante.
A vice-prefeita de Jerusalém se recusou a falar sobre as diferentes leis de restituição ao ser entrevistada pela CNN. "No governo local, não podemos nos envolver nestas questões. Não somos nós que fazemos leis como essa. Isso é uma disputa de propriedade que será resolvida nos tribunais".