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Mianmar está em crise desde que os militares derrubaram o governo civil liderado pela ex-conselheira de Estado Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, o que desencadeou uma revolta popular que a junta vem tentando reprimir de forma violenta.
© REUTERS / Vídeo obtido pela Reuters |
De acordo com um grupo de monitoramento local, mais de 550 pessoas foram mortas nos protestos antigolpe, um derramamento de sangue que irritou alguns dos cerca de 20 grupos étnicos de Mianmar e suas milícias, que controlam grandes áreas do território, principalmente nas regiões fronteiriças.
Hoje (3), dez desses grupos rebeldes se reuniram virtualmente para discutir a situação, condenando o uso de munição real pela junta contra os manifestantes.
"Os líderes do conselho militar devem ser responsabilizados", disse o general Yawd Serk, líder do grupo rebelde Conselho de Restauração do Estado Shan, citado pela agência de notícias France-Presse.
Na semana passada, a junta declarou um cessar-fogo de um mês com os grupos armados étnicos, embora exceções possam ser feitas se "a segurança e a máquina administrativa do governo [...] forem invadidas", assinalou o governo militar.
O anúncio, no entanto, não incluiu o fim do uso de força letal contra as manifestações antigolpe.
Contudo, Yawd Serk disse que o cessar-fogo exigia das forças de segurança o fim de "todas as ações violentas", inclusive contra os manifestantes.
Os dez grupos rebeldes que se reuniram virtualmente são signatários de um acordo de cessar-fogo em todo o país, que foi intermediado pelo governo de Suu Kyi, em uma tentativa de negociar o fim da longa luta armada das milícias étnicas por maior autonomia.
No entanto, a desconfiança é profunda no que diz respeito às minorias étnicas de Mianmar, e Yawd Serk assinalou que os dez grupos signatários do cessar-fogo nacional estavam dispostos a "revisar" o acordo durante a reunião.
"Eu gostaria de afirmar que os [dez grupos] estão firmes ao lado das pessoas que estão [...] exigindo o fim da ditadura", disse o líder rebelde.
Na semana passada, um enviado especial da ONU em Mianmar alertou o Conselho de Segurança sobre o risco de uma guerra civil e de um "banho de sangue" iminente no país do sudeste asiático.