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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou nesta quarta-feira (14/04) que o país dará início à retirada de todas as suas tropas do Afeganistão em 1º de maio, após duas décadas de uma batalha sangrenta e infrutífera contra o Talibã.
"Um ataque terrível há 20 anos não pode explicar por que deveríamos permanecer ali em 2021", afirma Biden |
"Está na hora de encerrar a mais longa guerra americana. É hora de os soldados americanos voltarem para casa", disse o chefe de Estado em pronunciamento na Casa Branca.
A investida militar dos EUA no Afeganistão começou em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Agora, 20 anos depois, Biden escolheu o dia 11 de setembro de 2021 como prazo final para a partida de seus últimos soldados no país.
Em discurso transmitido em rede nacional, o presidente afirmou que os Estados Unidos haviam "cumprido" sua limitada missão de derrotar os grupos jihadistas internacionais por trás dos ataques de 11 de setembro. Segundo ele, a cada ano que passava a justificativa para manter os soldados no Afeganistão ficava "mais obscura".
"Um ataque terrível há 20 anos [...] não pode explicar por que deveríamos permanecer ali em 2021", disse Biden. "Não podemos continuar o ciclo de estender ou expandir nossa presença militar no Afeganistão na esperança de criar as condições ideais para nossa retirada, esperando um resultado diferente."
"Agora sou o quarto presidente americano a presidir em meio à presença de tropas americanas no Afeganistão. Dois republicanos. Dois democratas. Não vou passar essa responsabilidade para um quinto", concluiu o mandatário.
Impasse no Afeganistão
O anúncio de Biden não foi recebido com surpresa. A guerra no Afeganistão é extremamente impopular entre os eleitores americanos, e o antecessor do democrata, o ex-presidente Donald Trump, já havia se comprometido a retirar as tropas no início de maio.
A decisão foi aplaudida por vários políticos do país, mas também houve críticas de que os Estados Unidos estariam abandonando o governo afegão e incentivando insurgências jihadistas.
A situação do conflito no Afeganistão está, na melhor das hipóteses, num impasse. O governo em Cabul, apoiado internacionalmente, tem apenas um controle tênue em partes do país, enquanto o Talibã cresce em força, com muitos prevendo que a insurgência tentará recuperar o poder total assim que a proteção militar do governo americano for removida.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, por sua vez, insistiu nesta quarta-feira, após um telefonema com Biden, que suas forças são "totalmente capazes" de controlar o país. O presidente americano disse ainda que Washington continuará a apoiar o governo afegão, mas não "militarmente".
Otan segue os EUA
Ainda nesta quarta-feira, os aliados da Otan comunicaram que acompanharão os Estados Unidos e também começarão a retirar suas tropas do Afeganistão em 1º de maio. A mesma medida já havia sido anunciada pela Alemanha mais cedo.
"Essa retirada será ordenada, coordenada e deliberada", diz um comunicado da aliança, emitido após conversas envolvendo ministros da Defesa e do Exterior dos países-membros.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que os aliados "foram para o Afeganistão juntos, ajustamos nossa postura juntos, e estamos unidos para partirmos juntos". Ele reconheceu, contudo, que essa "não é uma decisão fácil e envolve riscos".
A missão da Otan no Afeganistão conta um total de 9.600 soldados, entre eles cerca de 2.500 americanos, e inclui pessoal de 36 países-membros da aliança e parceiros.