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Na terça-feira (13), os EUA anunciaram a retirada de suas tropas do Afeganistão. A remoção deve ser concluída até 11 de setembro, data que marcará o 20º aniversário dos atentados terroristas de 2001, que levaram a administração Bush a iniciar operação antiterrorista contra Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia) em solo afegão.
O porta-voz da câmara baixa do Parlamento afegão, Mir Rahman Rahmani, reagiu à notícia dizendo, citado pelo canal de notícias afegão Tolo News, que "na situação atual, as condições para a retirada de tropas estrangeiras são injustas [...], a retirada de forças estrangeiras na situação atual pioraria a situação e levaria a uma guerra civil".
O porta-voz acentuou que os Estados Unidos, ao retirarem as tropas, devem ser orientados pelas condições adequadas, caso contrário, o Afeganistão "enfrentará mais uma vez a amarga experiência do passado".
Plano conjunto dos EUA e OTAN
O governo alemão acredita que os países-membros da OTAN cheguem ao consenso sobre a retirada das tropas do Afeganistão, declarou a ministra da Defesa de Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer.
"Nós sempre dissemos: nós juntos vamos retirar [as tropas] e vamos retirar juntos. Eu defendo uma retirada ordenada e espero que decidamos isso hoje [14] [na OTAN]. Isso significará que nós sincronizamos nossos planos com os EUA", anunciou a ministra para o canal de televisão ARD.
O que mudança de data de saída pode ocasionar?
Por sua vez, o enviado especial do presidente russo ao Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou que a mudança de data de retirada das tropas dos Estados Unidos complicará o processo de paz, por violar o acordo celebrado entre Washington e o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e muitos outros países).
Em entrevista à Sputnik, o enviado expressou que a intenção norte-americana de mudar a data da retirada de suas tropas do Afeganistão "complicará o processo de paz, sendo completamente óbvia a violação do acordo entre os EUA e o Talibã em Doha, [celebrado em] 29 de fevereiro de 2021".
"Agora colegas americanos terão que dar explicações ao movimento dos talibãs com quem firmaram o acordo. Os acordos devem ser cumpridos", ressaltou Kabulov.
Adicionalmente, o diplomata russo informou que Moscou fará o máximo para que o processo de paz seja mantido no Afeganistão.
Reação do Talibã
Entretanto, o movimento radical Talibã se recusou a participar de qualquer conferência sobre o processo no Afeganistão até que todas as tropas estrangeiras vão embora, escreveu o porta-voz do escritório político dos talibãs, Mohammad Naeem, no Twitter.
Turquia, Qatar e a ONU anunciaram na terça-feira (13) a celebração de uma conferência de paz afegã em Istambul, que acontecerá de 24 de abril a 4 de maio, para acelerar as conversações de paz intra-afegãs em curso em Doha.