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Os Emirados Árabes Unidos (EAU) têm desmantelado discretamente parte de Assab, sua base militar administrada na Eritreia, destruindo instalações e equipamentos de evacuação, após se retirar da guerra do Iêmen, segundo relatório da AP News.
Base Assab, na Eritreia, em foto de satélite © Foto / Planet Labs Inc. |
A instalação de nove quilômetros quadrados consiste em um porto e uma pista de 3.500 metros de comprimento para aeronaves militares pesadas, bem como quartéis, um hospital de campanha, uma prisão e dosséis de aeronaves. A base foi supostamente usada para enviar armas pesadas e tropas sudanesas para a zona de guerra para tentar ajudar a repelir o movimento houthi, que invadiu grande parte do país entre 2014 e 2015.
Abu Dhabi construiu Assab em 2015, com a instalação estratégica situada a apenas 60 quilômetros da costa do Iêmen, ao longo de um trecho estreito do mar Vermelho. O terreno usado pela base foi alugado da Eritreia por 30 anos.
"Os Emirados estão reduzindo suas ambições estratégicas e saindo de lugares onde tinham presença. Ter essa implantação de força forte os expôs a mais riscos do que agora estão dispostos a tolerar", disse Ryan Bohl, analista da Stratfor, empresa de inteligência privada sediada nos EUA, citado pela mídia.
Durante a guerra, a instalação foi vista abrigando uma variedade de armas pesadas, desde tanques de batalha Leclerc e veículos de combate anfíbios BMP-3, até obuseiros autopropelidos G6, helicópteros de ataque e drones.
A primeira vez que os Emirados anunciaram que se retirariam do conflito do Iêmen foi em junho 2019, com os trabalhos de desmontagem das instalações de Assab começando naquela época. Porém, novas imagens de satélite mostram que o desmantelamento, que não foi anunciado pelo governo esse ano, ganhou força e segue sendo feito de forma discreta e silenciosa.
Além da guerra do Iêmen, as instalações de Assab têm sido uma fonte de tensão entre os Emirados Árabes Unidos e outros atores, com o governo líbio acusando Abu Dhabi de usar as instalações para transferir armas, os Emirados negaram a acusação. Em novembro de 2020, o governo Tigré da Etiópia alegou, sem fornecer provas, que a base foi usada para atacar suas posições.
Ao mesmo tempo, Abu Dhabi enfrenta preocupações mais urgentes. Desde 2019, as tensões entre os EUA e o Irã têm gerado uma série de incidentes crescentes, incluindo ataques a navios dos Emirados. Essas ameaças mais próximas de casa podem ter precedência sobre uma pegada militar expandida no exterior, e, talvez, esse também seja um motivo pelo qual os Emirados estão se desfazendo de Assab, segundo a mídia.