Sputnik
O arcebispo emérito da Cidade do Cabo, na África do Sul, e prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu pede que o futuro presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, reconheça que Israel possui armas nucleares. O apelo foi realizado em um artigo de opinião publicado no jornal The Guardian em 31 de dezembro de 2020.
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fala sobre o programa nuclear iraniano na ONU © AFP 2020 / DON EMMERT |
"O próximo governo Biden deve reconhecer abertamente Israel como um dos principais patrocinadores da proliferação nuclear no Oriente Médio e implementar adequadamente a lei dos EUA. Outros governos, em particular o da África do Sul, devem insistir no estado de direito e por um desarmamento significativo, e imediatamente exortar o governo dos EUA a agir nos termos mais fortes possíveis", afirma Tutu.
De acordo com o laureado com o prêmio da Paz de 1984, desde 1970 há evidências de que Israel é um proliferador de múltiplas armas nucleares.
"Há evidências contundentes de que [Israel] se ofereceu para vender armas nucleares ao regime do apartheid na África do Sul na década de 1970 e até mesmo conduziram um teste nuclear conjunto. O governo dos EUA tentou encobrir esses fatos. Além disso, [Israel] nunca assinou o tratado de não proliferação nuclear", destaca.
O arcebispo emérito da Cidade do Cabo lembra que a Guerra no Iraque foi baseada "em mentiras" e cita o denunciante nuclear israelense Mordechai Vanunu, que afirmou que as armas nucleares não estavam no Iraque, mas em Israel.
"Há evidências contundentes de que [Israel] se ofereceu para vender armas nucleares ao regime do apartheid na África do Sul na década de 1970 e até mesmo conduziram um teste nuclear conjunto. O governo dos EUA tentou encobrir esses fatos. Além disso, [Israel] nunca assinou o tratado de não proliferação nuclear", destaca.
O arcebispo emérito da Cidade do Cabo lembra que a Guerra no Iraque foi baseada "em mentiras" e cita o denunciante nuclear israelense Mordechai Vanunu, que afirmou que as armas nucleares não estavam no Iraque, mas em Israel.
Apartheid israelense
Desmond Tutu argumenta que a falta de ação dos EUA nesse tópico dá ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, uma sensação de poder e impunidade, permitindo que Israel dite termos a outros países. E que nos EUA deve cumprir suas leis e cortar o financiamento a Tel Aviv devido a sua aquisição e proliferação de armas nucleares.
"Há emendas que "proíbem a assistência econômica e militar dos EUA a proliferadores nucleares e países que adquiram armas nucleares […]. Mas nenhum presidente o fez em relação a Israel. Pelo contrário. […]. Essa farsa deve acabar", sentencia Tutu.
O prêmio da Paz lembra que o apartheid na África do Sul "era horrível" e que o que Israel faz com palestinos é "sua própria forma de apartheid", com postos de controle e um sistema de políticas opressivas.
"É bem possível que uma das razões pelas quais a versão israelense do apartheid sobreviveu à da África do Sul é que Israel conseguiu manter seu sistema opressor usando não apenas as armas dos soldados, mas também mantendo essa arma nuclear apontada para milhões de cabeças", comenta Tutu.
O arcebispo emérito da Cidade do Cabo termina o artigo afirmando que a solução para a versão israelense do apartheid não é os palestinos e outros árabes tentarem obter tais armas. " A solução é paz, justiça e desarmamento […]. Há poucas verdades mais críticas a enfrentar do que um arsenal de armas nucleares nas mãos de um regime do apartheid", conclui.