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A China impôs na quarta-feira (20/01) sanções a quase 30 pessoas que integraram o governo do ex-presidente Donald Trump, momentos após o republicano ter deixado o comando da Casa Branca.
Hostilidade entre o governo Trump e a China havia aumentado nos últimos meses |
Em comunicado divulgado minutos após o presidente Joe Biden tomar posse, Pequim proibiu de entrar no território chinês e de fazer negócios no país asiático o secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, que na terça-feira (19/01) havia chamado a repressão à minoria muçulmana uigur pelo governo chinês de genocídio, o assessor de segurança nacional de Trump, Robert O'Brien, e o embaixador dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas, Kelly Craft.
Também foram afetados pelas sanções o assessor para assuntos econômicos de Trump, Peter Navarro, seu diplomata de alto escalão para a Ásia, David Stilwell, e o secretário de saúde e serviços humanos, Alex Azar. Constam ainda da lista o ex-assessor de segurança nacional John Bolton e o estrategista Stephen Bannon.
As sanções têm impacto majoritariamente simbólico, mas reforçam a antipatia de Pequim em relação a um governo dos Estados Unidos considerado hostil pelos chineses.
"Nos últimos anos, alguns políticos americanos anti-China, movidos por interesses políticos egoístas e preconceito e ódio contra a China, e sem demonstrar qualquer consideração pelos interesses dos povos chinês e americano, planejaram, promoveram e executaram uma série de iniciativas tresloucadas que interferiram de forma intensa nos assuntos internos da China, minaram interesses chineses, ofenderam o povo chinês e atrapalharam de forma crítica as relações entre China e Estados Unidos", afirmou o Ministério das Relações Exteriores no comunicado.
O governo Trump vinha aumentando a pressão sobre a China desde o ano passado, e de forma ainda mais intensa nos últimos meses. Durante as suas últimas semanas no cargo, Trump impôs sanções a diversos integrantes do governo chinês por ações no Tibete, em Taiwan, em Hong Kong e no Mar da China Meridional.
"Futuro melhor"
Nesta quinta-feira (21/01), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou a jornalistas que seu país espera que Biden melhore as perspectivas para as duas nações e dê impulso às relações bilaterais. "Depois desse período muito difícil e fora do comum, tanto o povo chinês como o americanos merecem um futuro melhor", afirmou.
Chunying disse que os dois países precisam relançar iniciativas de cooperação em diversos setores e elogiou a decisão de Biden de manter os Estados Unidos na Organização Mundial da Saúde e de recolocar o país no Acordo de Paris para enfrentar as mudanças climáticas.
"Muitas pessoas na comunidade internacional aguardam que a relação sino-americana retorne ao caminho correto para dar as contribuições devidas e resolver de forma conjunta desafios importantes e urgentes que o mundo enfrenta", disse.
A porta-voz também expressou críticas a Pompeo e outros integrantes do governo Trump sancionados por Pequim. "Nos últimos anos, a administração Trump, especialmente Pompeo, enterrou muitas minas na relação sino-americana que precisam ser eliminadas, queimou muitas pontes que precisam ser reconstruídas e destruiu muitas estradas que precisam ser reparadas", disse.
Especialistas projetam que a administração Biden tentará normalizar as relações com a China, mas é improvável que haja mudanças significativas nas políticas americanas relacionadas a comércio internacional, à administração de Taiwan, direitos humanos e o Mar da China Meridional, que têm provocado crescente irritação em Pequim.