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Este sábado (28.11), o Presidente iraniano Hassan Rouhani acusou Israel de ser o responsável pelo assassínio de Mohsen Fakhrizadeh, o principal cientista nuclear do país.
© IRIB NEWS AGENCY/AFP |
"Mais uma vez, as mãos perversas da arrogância global, com o regime usurpador sionista como o mercenário, foram manchadas com o sangue de um filho desta nação", disse Rouhani numa declaração no seu sítio oficial na internet, referindo-se ao assassinato de Fakhrizadeh.
"O assassínio do mártir Fakhrizadeh mostra o desespero dos nossos inimigos e a profundidade do seu ódio. O seu martírio não vai atrasar as nossas realizações", acrescentou.
Rouhani disse ainda que Israel pretende criar o "caos" ao levar a cabo o assassínio do cientista e que o Irão retaliará "no momento oportuno".
O gabinete do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que não comentaria o ataque. Mas revelações de que Netanyahu uma vez citou o nome de Fakhrizadeh numa conferência de imprensa, dizendo "lembrem-se deste nome", alimentaram a especulação sobre o envolvimento do país na morte do cientista iraniano.
Khamenei promete "punição" aos assassinos
As autoridades iranianas ameaçaram vingar a morte de Fakhrizadeh, que foi abatido a tiro no seu carro perto de Teerão na sexta-feira (27.11).
No sábado, o líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, clamou pelo "castigo" aos responsáveis pelo assassínio de Fakhrizadeh. Ele apelou ainda para "acompanhar este crime e certamente punir os autores e os responsáveis, e ... continuar os esforços científicos e técnicos deste mártir em todos os campos em que estava a trabalhar", de acordo com uma declaração no seu sítio oficial na internet.
Num tweet à parte, Khamenei disse que o Irão irá perseguir uma "punição decisiva" para os perpetradores e assegurar que os esforços científicos e técnicos de Fakhrizadeh tenham continuidade.
Também no sábado, Israel elevou o nível de alerta nas suas embaixadas em todo o mundo face a um possível ataque de vingança, segundo informações divulgadas pela imprensa israelense.
Fakhrizadeh foi o chefe da Organização de Pesquisa e Inovação em Defesa do Ministério da Defesa e era considerado pelos serviços de inteligência ocidentais como o líder do antigo programa secreto de desenvolvimento de armas nucleares.
Retrocesso nos esforços diplomáticos
O assassínio poderá provocar confrontos entre Teerão e Washington nas últimas semanas da presidência de Donald Trump.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, que vai tomar posse em janeiro, prometeu restabelecer os laços com o Irão através da diplomacia.
Trump retirou-se do acordo nuclear iraniano de 2018, acusando o Irão de utilizar a tecnologia nuclear para construir armas de destruição maciça. Em janeiro pasado, um ataque aéreo americano matou o principal comandante militar iraniano, Qassem Soleimani, com Trump a ameaçar o Irão com mais ações.
Os Estados Unidos também impuseram sanções a Fakhrizadeh em 2008 por "atividades e transações que contribuíram para o desenvolvimento do programa nuclear do Irão".
Berlim apela à contenção
A Alemanha, entretanto, instou todas as partes a darem mostras de contenção quanto à morte do cientista e a evitarem a escalada de tensões que poderia fazer descarrilar quaisquer conversações sobre o programa nuclear iraniano.
"Algumas semanas antes da tomada de posse da nova administração dos EUA, é importante preservar o âmbito das conversações com o Irão para que a disputa sobre o programa nuclear iraniano possa ser resolvida através de negociações", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão.
"Assim, instamos todas as partes a absterem-se de quaisquer medidas que possam conduzir a uma nova escalada da situação", disse, numa declaração.