ARMY 2020: APEX Brasil quer novos mercados para indústria de armamentos brasileiros (VIDEO)

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O comércio russo-brasileiro passa por uma fase de transformações, conforme Moscou se torna uma potência no agronegócio. Será que a indústria de armamentos pode tomar a dianteira em uma nova fase do comércio entre Brasil e Rússia?

Sputnik


Nesta semana, o Brasil participa do Fórum Internacional Técnico-Militar ARMY 2020 com uma delegação de alto nível do Ministério da Defesa.

A operação foi coordenada pelo Comando de Operações Terrestres.
© Foto / 3° Sargento Gustavo - 5° DE / Exército Brasileiro

Além do interesse em forjar uma parceria estratégica entre as indústrias de defesa de Brasília e Moscou, existe grande potencial de compra e venda de armamentos e equipamentos militares.

A Agência Brasileira de Promoção das Exportações (APEX Brasil), que tem um escritório em Moscou, garantiu o apoio para que a indústria brasileira de armamentos promova seus produtos na Rússia.

"A Associação das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança [ABIMDE], junto com a APEX, desenvolve novos mercados para os armamentos brasileiros já há algum tempo", afirmou o chefe de operações da APEX Brasil em Moscou, Almir Américo, à Sputnik Brasil.

"Mas até então, a Rússia não havia sido contemplada como mercado prioritário, pelas características do mercado russo, que é bastante protecionista."

Nesse sentido, a participação do Fórum ARMY 2020 é conveniente, uma vez que, "aqui se pode fazer negócio não só com a Rússia, mas também com toda a Eurásia".

Para Américo, a indústria de defesa brasileira tem vocação para se internacionalizar.

"O comércio de armamentos tem canais próprios [...] bem centralizados nos governos", explicou Américo.

Por isso, a APEX "cria a infraestrutura [...] e os parceiros governamentais aproximam os interlocutores, que são essencialmente governamentais".

"Na promoção de armamentos, a APEX é um apoiador: o agente central são nossos militares, o adido [militar] e o embaixador", contou.

Balança comercial Brasil-Rússia

De acordo com Américo, o comércio entre Brasil e Rússia passa por uma fase de grandes transformações.

"Esse é um momento crítico: no ano passado [o Brasil teve] um déficit comercial com a Rússia", contou.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), em 2019 o Brasil exportou US$ 1,618 bilhão (cerca de R$ 7 bilhões) e importou US$ 3,680 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), acumulando um déficit de mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 8 bilhões).

"Isso ocorre, sobretudo, porque a Rússia está tendo grande sucesso em produzir aqueles produtos que ela tradicionalmente comprava do Brasil: os produtos agrícolas [...]", explicou.

"A Rússia está se transformando em uma potência do agronegócio", disse Américo.

Produtos tradicionais na pauta de exportações brasileira para a Rússia, como as carnes e o açúcar, devem perder espaço nos próximos anos.

"[Os russos] nesse ano já vão exportar um milhão de toneladas de açúcar [...] e já atingiram a autossuficiência na produção de proteínas", contou.

Portanto, "está havendo uma transformação na natureza do comércio Brasil-Rússia [...] a Rússia está se transformando, e o Brasil vai ter que se adaptar", alertou Américo.

Novos setores

Nesse contexto, a APEX trabalha para abrir "outras frentes de negócios" com a Rússia, como o amendoim, os equipamentos agrícolas e a exploração florestal.
"A Rússia tem a maior área florestada do mundo e esse virou um setor estratégico do governo russo, [que está] investindo muito, modernizando o setor e comprando equipamentos", relatou Américo.

"No Brasil temos bons fabricantes de equipamentos para a indústria florestal – somos o maior produtor de celulose do mundo. Estamos aproximando exportadores de máquinas brasileiros com os melhores distribuidores russos."
Videogames?

Um setor que pode ter influência positiva na tendência de modernização da pauta comercial russo-brasileira é o de videogames.

"No ano passado, nós fizemos uma missão vitoriosa: levamos para o Brasil a Mail.ru, que é a maior holding de Internet russa, e o VKontakte", a principal rede social do país, contou Américo.

As empresas russas participaram do BIG Festival 2019, o maior evento do setor na América Latina.

"Isso gerou um interesse fantástico entre os estúdios brasileiros e as plataformas russas", disse.

"Nesse ano, [...] a versão do festival White Nights, que é o [festival] equivalente russo, contou também com a participação de estúdios brasileiros."

"Estamos explorando as alternativas: elas existem, mas os resultados não vêm fácil: demandam investimentos, identificar os atores e motivá-los", concluiu o chefe de operações da APEX Brasil em Moscou.

O Brasil participa da exposição ARMY 2020, realizada entre os dias 23 de agosto e 5 de setembro nos subúrbios de Moscou. O evento apresentará 730 armamentos e equipamentos militares russos, além de contar com estandes de 28 mil empresas do ramo e representantes de mais de 70 países.

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