France Presse
Os disparos aconteceram após o Estado hebreu denunciar uma tentativa de infiltração de "terroristas" em seu território.
Os disparos aconteceram após o Estado hebreu denunciar uma tentativa de infiltração de "terroristas" em seu território.
Vista do lado israelense da linha azul, a fronteira com o Líbano estabelecida pela ONU © Jalaa MAREY |
"Israel voltou a violar a soberania do Líbano (...) em uma perigosa escalada militar", lamentou Hassan Diab no Twitter.
Esta é a primeira reação oficial do governo libanês aos atentados na fronteira entre Israel e Líbano na segunda-feira.
"Peço cautela nos próximos dias, pois temo que as coisas se agravem, devido a uma forte tensão na fronteira", acrescentou Diab.
Ontem, o Exército israelense informou que frustrou "uma tentativa de infiltração de uma célula terrorista" em seu território e abriu fogo contra homens armados logo depois de cruzarem a fronteira norte com o Líbano.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou na segunda-feira que o movimento xiita libanês Hezbollah, muito influente no Líbano, "brinca com fogo".
"Tudo o que está acontecendo nesse momento é o resultado dos esforços do Irã e de seus intermediários libaneses em se ancorar militarmente em nossa região", disse Netanyahu nesta terça-feira, visitando a sede do comando do Exército no norte de Israel.
"Faremos o que for necessário para nos defender e sugiro ao Hezbollah que leve esse fato em consideração", acrescentou.
O Hezbollah negou qualquer envolvimento nesses eventos.
"Tudo o que a mídia inimiga conta sobre uma operação de infiltração do Líbano que teria sido frustrada (...) é totalmente falso", afirmou o movimento xiita libanês em um comunicado.
Após vários conflitos, Israel e Líbano permanecem tecnicamente em estado de guerra.
A Finul - uma força de manutenção da paz da ONU implantada no sul do Líbano - pediu "a máxima contenção", indicando que abriu uma investigação.
Diab acusou Israel de tentar "mudar as regras" estabelecidas entre os dois países desde a última guerra em 2006 entre o Exército israelense e o Hezbollah, e de pressionar para mudar o mandato da Finul, que expira no final de agosto.
"Há uma tentativa de pressionar o Líbano, ameaçando reduzir o número de forças da Finul se o mandato da missão não for alterado", disse Diab.
"O Líbano rejeita uma modificação das prerrogativas da Finul", acrescentou.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, rejeitou em maio um pedido dos EUA para fortalecer os poderes da Finul, incluindo atividades de coleta e vigilância de dados.
No início de maio, a embaixadora americana na ONU, Kelly Craft, afirmou que a Finul era "impedida de cumprir seu mandato" e que o Hezbollah "conseguiu se armar e expandir suas operações".
Por sua parte, o presidente libanês Michel Aoun disse que o incidente na fronteira ameaçava a estabilidade no sul do Líbano algumas semanas antes da renovação do mandato da Finul.
A escalada de segunda-feira ocorre após ataques na Síria, atribuídos a Israel, que mataram cinco combatentes pró-Irã ao sul de Damasco em 20 de julho, incluindo um combatente do Hezbollah.
O último grande conflito entre o Hezbollah e Israel matou mais de 1.200 pessoas no lado libanês em um mês, principalmente civis, e 160 no lado israelense, principalmente soldados.