Cerca de 25 mil brasileiros foram enviados para a Segunda Guerra Mundial e participaram de diversas operações, mas a batalha considerada divisor de águas foi a Tomada de Monte Castello, na Itália, em 1945.
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Para avançar em 1945 é necessário, no entanto, voltar alguns meses no tempo. Isso porque, para conseguir a vitória sobre as tropas nazistas que ocupavam a Itália, os militares da Força Expedicionária Brasileira (FEB) precisaram fazer cinco tentativas de avançar ao cume daquela montanha e colaborar para que as Forças Aliadas avançassem ao norte do país.
© Foto / Domínio Público/ Arquivo Histórico do Exército Brasileiro |
Instalados no morro, os alemães atiravam contra os brasileiros com metralhadoras MG42, com capacidade de 1.200 tiros por minuto. Após as tentativas frustradas, os brasileiros esperaram alguns meses se preparando.
Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a Batalha de Monte Castello, na Segunda Guerra Mundial. |
Segundo o historiador Elonir José Savian, autor do livro "Dos Apeninos aos Alpes: a Força Expedicionária Brasileira e o XV Grupo de Exércitos na Campanha da Itália", enquanto não conseguiam vitória no Monte Castello, os brasileiros passaram por mais treinamentos para ganhar experiência.
Força Aérea Brasileira (FAB) durante a Segunda Guerra Mundial. | © FOTO / DOMÍNIO PÚBLICO/ ARQUIVO HISTÓRICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO |
"Em dezembro começa o inverno na Itália, então todas as operações pararam. A FEB ficou em uma defensiva até fevereiro de 1945. Nesse período, a FEB recebe um treinamento bem melhor, recebe mais equipamentos e aí também com apoio de uma divisão norte-americana que vai atacar um outro local, a FEB ataca Monte Castello em fevereiro de 1945 e finalmente vai conquistar", explicou à Sputnik Brasil.
A Tomada de Monte Castello é considerada a operação mais difícil da Força Expedicionária Brasileira em toda a Segunda Guerra Mundial. Só na batalha foram registrados 226 mortes e 795 feridos.
"Foi a batalha que deu mais trabalho para a Força Expedicionária Brasileira, ela se insere no contexto de um ataque geral de todas as tropas Aliadas que estavam na Itália", disse Elonir José Savian.
Quando os alemães nazistas tomaram a Itália, organizaram uma série de fortificações ao longo dos Apeninos, e estavam no topo das montanhas. Elonir José Savian destaca que a posição dos alemães fez com que os brasileiros também precisassem enfrentar o frio e topografia.
"Monte Castello é uma área dos Apeninos, região montanhosa da Itália, então para conquistar Monte Castello teria que atacar várias elevações. Monte Castello estava cercado de outras elevações até mais altas, então não adiantava só tomar Monte Castello, teria que tomar um conjunto de outras elevações", explicou o historiador.
"A dificuldade básica dos brasileiros foi o frio. Era fim de inverno lá, eles tinham que ficar em trincheiras e ali tinham que ficar na defensiva durante dois meses. Os brasileiros mal-acostumados com aquele clima passaram muito frio, muitas dificuldades. Esses problemas climáticos foram muito difíceis para os militares suportarem", completou.
Elonir José Savian explicou que a vitória na Batalha de Monte Castello fez com que os brasileiros ganhassem confiança de militares de outras nações aliadas.
"Depois da vitória de Monte Castello, os brasileiros mostraram que tinham capacidade e ganharam a confiança dos comandantes norte-americanos e das tropas que estavam com eles", contou.
A Batalha de Monte Castello também inspirou composições de sambas, e a mais conhecida delas é "Parabéns", que foi composta pelo soldado Rondon Alves Gutenberg.
A letra da música diz: "Força Expedicionária Brasileira, eu lhe dou meus parabéns / Teus soldados pertencem à terra alvissareira / Aquele Brasil que só faz o bem / Os feitos do teu soldado têm mostrado / O valor de um combatente audaz / Porque ferir e matar não é pecado / A quem reprime a guerra e adora a paz / Na grande vitória do Monte Castello / Cada soldado seu dever cumpriu / Forjou o Regimento Sampaio mais um elo / Na FEB para a história do Brasil."
Além de Monte Castello, outro momento importante para a FEB foi a rendição, de uma única vez, de quase 20 mil soldados de Hitler e Mussolini, a maioria da 148ª Divisão de Infantaria, entre 29 e 30 de abril, pouco antes do final da guerra. Esta foi uma das únicas rendições dessa amplitude durante os anos da Segunda Guerra Mundial.
Ouça o samba composto por Gutenberg: