O Comitê de Assuntos Exteriores da Camâra dos Deputados dos Estados Unidos exigiu nesta terça-feira do governo de Donald Trump informações sobre uma tentativa de incursão marítima pela Venezuela supostamente para forçar a saída do poder de Nicolás Maduro, pela qual dois americanos foram acusados de terrorismo.
France Presse
"O Congresso precisa de respostas agora", publicou o presidente do comitê, Eliot Engel, no Twitter, comparando o ocorrido a "um episódio ruim" da série de ação do agente da CIA "Jack Ryan". "Mas não é para rir. Qualquer coisa que atrase ainda mais uma transição democrática é realmente corrosiva para o povo venezuelano", afirmou.
"O Congresso precisa de respostas agora", publicou o presidente do comitê, Eliot Engel, no Twitter, comparando o ocorrido a "um episódio ruim" da série de ação do agente da CIA "Jack Ryan". "Mas não é para rir. Qualquer coisa que atrase ainda mais uma transição democrática é realmente corrosiva para o povo venezuelano", afirmou.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, faz um pronunciamento na TV sobre novas prisões relacionadas à suposta tentativa de derrubá-lo | Presidência da Venezuela/AFP / Marcelo GARCIA |
Maduro, cuja saída do poder é promovida desde janeiro de 2019 pelos Estados Unidos, que consideram a sua reeleição fraudulenta, acusa o governo Trump de estar por trás de uma nova "invasão", levada adiante entre 3 e 4 de maio por "mercenários" que planejavam tirá-lo do poder.
A operação frustrada resultou em 45 detidos, entre eles os militares americanos reformados Luke Alexander Denman e Airan Berry, segundo Maduro "membros da segurança" de Trump e acusados na semana passada pela Justiça venezuelana de "terrorismo" e "conspiração com governo estrangeiro", especificamente Estados Unidos e Colômbia.
Eliot Engel, do Partido Democrata, disse que o comitê pediu no último dia 5 ao Departamento de Estado "uma sessão informativa imediata" sobre o ocorrido, mas que continua sem receber as explicações solicitadas. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, "diz que os Estados Unidos não tiveram 'participação direta'. Afirma que o país não 'dirigiu, guiou ou liderou' a operação, mas não deu mais detalhes", acrescentou.
Engel assinalou que o Congresso tem que saber se houve violação das leis americanas e se o governo Trump tinha conhecimento do suposto complô. O deputado também quer saber se o equipamento militar usado foi adquirido de uma empresa americana, o que iria requerer uma permissão para que o mesmo fosse retirado dos Estados Unidos.
Engel também exigiu dados "sobre todos e cada um dos contratistas de segurança privada que tiveram reuniões nos Estados Unidos relacionadas a uma possível incursão pela Venezuela", e sobre "se o governo Trump estava a par destas interações".
Segundo Caracas, o ex-Boina Verde do Exército americano Jordan Goudreau, fundador da empresa de segurança com sede em Miami Silvercorp USA, foi contratado para a incursão pelo líder parlamentar opositor venezuelano Juan Guaidó, que 60 países reconhecem como presidente interino daquele país. Guaidó nega relação com a Silvercorp, e o governo Trump classificou as acusações de "melodrama".
Eliot Engel assinalou: "Temos que saber a fundo o que ocorreu e voltar à questão crucial de apoiar as aspirações democráticas do povo venezuelano." Em fevereiro de 2019, o deputado afirmou que o Congresso americano não apoiaria uma intervenção militar na Venezuela.