Operação contra focos de incêndio e desmatamento ilegal valerá por um mês, mas poderá ser estendida até 60 dias. Alertas de desflorestamento subiram quase 30% em março em comparação com ano passado, diz Inpe.
Deutsch Welle
O presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio de tropas das Forças Armadas para combater focos de incêndio e desmatamento ilegal na Amazônia Legal nesta quinta-feira (07/05). O decreto foi publicado no Diário Oficial da União.
Operação deverá combater focos de incêndio e desmatamento ilegal |
A autorização foi dada três meses antes do que em 2019, quando o desmatamento e as queimadas registraram um salto dramático, despertando críticas da comunidade internacional à gestão da crise pelo governo federal.
A operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) valerá de 11 de maio a 10 de junho em ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira, terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas federais da região, que inclui os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.
A atuação poderá ser ampliada áreas estaduais a pedido dos governadores e, como no ano passado, também poderá ser prorrogada até 60 dias. As missões de GLO são realizadas por ordem expressa da Presidência da República e acontecem por tempo limitado quando há esgotamento das forças tradicionais de segurança pública.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse na semana passada que o governo estava planejando enviar militares à Amazônia Legal como parte de um projeto para estabelecer bases na Amazônia para combater o desflorestamento. Defensores do meio ambiente afirmam que a presença das Forças Armadas deveria coibir a destruição ilegal da floresta no curto prazo, mas alertam que o Exército não pode substituir permanentemente o trabalho de agências ambientais.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de alertas de desmatamento na Amazônia Legal foi maior nos primeiros meses de 2020 em relação ao ano passado. Em março, por exemplo, as áreas em alerta saíram de 251,42 km² em 2019 para 326,49 km² no mesmo mês deste ano – o equivalente a uma alta de quase 30%.
O primeiro trimestre coincide com a temporada de chuvas na região, época em que a destruição da floresta costuma recuar, já que o tempo freia a atuação de madeireiros ilegais.
No ano passado, Bolsonaro decidiu enviar tropas à área depois que a comunidade internacional se mobilizou contra o aumento das queimadas na maior floresta tropical do mundo, responsável pela captura de gases de efeito estufa causadores do aquecimento global. Em 2019, o governo enviou as Forças Armadas à região das queimadas apenas em agosto.