Criticado até pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro por conta da sua atuação no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general reformado Augusto Heleno Ribeiro ganhou sobrevida no cargo depois de se colocar, na prática, como o porta-voz e um escudo para seu chefe.
Andreza Matais | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – Nos momentos de maiores polêmicas do governo, ele tem adotado um discurso raivoso em suas redes sociais. Assim conquistou o apoio dos bolsonaristas e saiu do foco. As atitudes dele, contudo, não são sintonizadas nas Forças Armadas. Nos bastidores, integrantes do Alto Comando reclamam que os ministros da ala militar do Planalto se colocam como representantes da totalidade das Forças, mas para boa parte deles essa sintonia não é automática.
Ao aparecer ao lado do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em 2018, Heleno ajudou a vencer a resistência ao nome do ex-capitão nas Forças Armadas, uma relação que sempre foi estremecida especialmente entre o deputado federal e os oficiais. Na disputa eleitoral, os generais refratários a Bolsonaro avaliaram que Heleno poderia segurar possíveis rompantes do presidente. Mas a avaliação é a de que o ministro foi “engolido” pela guerra palaciana ao se associar à militância. A sugestão é que ele deveria se preservar em nome da biografia.
O general Augusto tem um passado controverso no Exército e nos governos que participou. Em 1977, capitão recém-promovido, ele era ajudante de ordens do então ministro do Exército, Sylvio Frota. Quando o ministro foi demitido depois de tentar se impor como sucessor de Ernesto Geisel, Heleno estava no grupo que tentou um golpe interno contra o presidente. O Diário Oficial da União, de 18 de outubro daquele, registrou que o capitão e outros mais de cem oficiais do gabinete de Frota foram exonerados e retirados de Brasília.