Os dois militares americanos da reserva presos na Venezuela por uma tentativa de "invasão" ao país responderão por terrorismo, segundo informações divulgadas nesta sexta (8), enquanto o governo de Nicolás Maduro aumentava as acusações contra Juan Guaidó e seu maior aliado, os Estados Unidos.
France Presse
Luke Alexander Denman, de 34 anos, e Airan Berry, de 41 anos, respondem por "terrorismo, conspiração, tráfico ilícito de armas de guerra e associação criminosa", disse o procurador-geral, Tarek William Saab, em uma declaração transmitida pela emissora estatal.
Luke Alexander Denman, de 34 anos, e Airan Berry, de 41 anos, respondem por "terrorismo, conspiração, tráfico ilícito de armas de guerra e associação criminosa", disse o procurador-geral, Tarek William Saab, em uma declaração transmitida pela emissora estatal.
Foto divulgada pela Presidência venezuelana mostra o passaporte do cidadão americano detido Airan Berry, apresentado durante videoconferência com correspondentes estrangeiros no Palácio Miraflores, 6 de maio de 2020 | Venezuelan Presidency/AFP / Marcelo Garcia |
O crime de terrorismo, segundo a lei venezuelana, prevê penas de 25 a 30 anos de prisão.
O procurador antecipou ter emitido ordem de prisão internacional contra outro americano, Jordan Goudreau, fundador da empresa privada de segurança e defesa Silvercorp USA.
O ministro de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, reafirmou logo depois as acusações contra Guaidó, reconhecido como o presidente interino da Venezuela por cerca de cinquenta países, entre eles os Estados Unidos, a quem o governo venezuelano acusa de ter assinado um contrato com a Silvercorp para realizar o ataque.
Guaidó considerou o documento divulgado pelo governo de Maduro como "falso".
O presidente dos EUA, Donald Trump, negou nesta sexta-feira, novamente, que a Casa Branca está relacionada ao que aconteceu.
"O que as autoridades" de Washington estão fazendo "é ver como livrar Juan Guaidó, que está profundamente envolvido" por causa "do contrato que ele assinou", disse Rodríguez em um discurso televisionado.
"Procurem um calígrafo. Já estamos procurando e essa é a assinatura de Juan Guaidó, é claro que é", continuou ele.
Denman e Berry foram presos por uma "invasão" que o governo venezuelano alegou ter impedido nos dias 3 e 4 de maio nas cidades costeiras de Macuto e Chuao, no norte da Venezuela. A ação deixou 31 presos, 29 deles venezuelanos, "entre mercenários e equipes de suporte (à missão)", disse Saab. Oito suspeitos da invasão morreram em confrontos no domingo.
O procurador não anunciou acusações contra Guaidó.
Em vídeo enviado à imprensa por sua equipe na noite desta sexta-feira, Guaidó acusou o governo chavista por buscar "novas desculpas" para detê-lo. "Te digo algo muito claro, Maduro: se é tão corajoso, vá em frente", afirmou.
- Conspiração com o governo estrangeiro -
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, disse na última quarta-feira que o governo Donald Trump fará tudo o possível para repatriar os dois americanos presos.
No entanto, Maduro respondeu imediatamente que Denman e Berry seriam processados na Venezuela.
Enquanto isso, os venezuelanos capturados foram acusados, entre outros crimes, de "conspiração com um governo estrangeiro" - especificamente com os Estados Unidos e a Colômbia -, além de "terrorismo" e "traição contra a pátria", informou a Saab.
O funcionário anunciou que também solicitou mandados de prisão contra os venezuelanos Juan José Rendón, assessor de Guaidó, e Sergio Vergara, vice, ambos residentes nos Estados Unidos.
Rendón reconheceu em entrevista à CNN que havia assinado um contrato com a Silvercorp, mas garantiu que era "exploratório" e que uma operação na Venezuela não recebeu luz verde. Ele desvinculou o acordo de Guaidó.
O plano, disse Rodríguez nesta sexta, era de que houvesse a "captura, prisão e retirada" de Maduro e a "instalação" do líder da oposição no poder.
Trump, considerado por Maduro "chefe direto da operação", novamente negou a participação do governo americano.
"Eu entraria (na Venezuela) e eles não fariam nada a respeito. Eles apenas dariam a volta. Eu não enviaria um pequeno grupo. Não, não, não. Seria um Exército", disse Trump em entrevista à Fox News.