A FAB (Força Aérea Brasileira) vai gastar 50% mais do que o SUS (Sistema Único de Saúde) para testar militares contra o covid-19.
Vinicius Konchinski | UOL, em Curitiba
A corporação comprou, sem licitação, 16 mil testículos do novo coronavírus por R$ 149 cada. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) vende testes do mesmo vírus ao Ministério da Saúde por R$ 98 cada.
Avião Hercules C-130 da Força Aérea pousa em base aérea | Rafael Andrade/Folha Imagem |
Ao todo, a Aeronáutica vai gastar R$ 2.384 milhões com os 16 mil testículos. O valor da compra foi divulgado em extrato publicado no Diário Oficial da União na sexta-feira (20). Esse montante será pago à empresa Prohosp Distribuidora de Medicamentos, de Curitiba (PR).
Com o mesmo valor pago pela FAB, o Ministério da Saúde poderia comprar quase 25 mil testes do coronavírus produzidos pela Fiocruz. Segundo a própria fundação, até sexta-feira, o ministério adquiriu e recebeu 30 mil testes para que fossem distribuídos em todo o país.
No caso dos testes comprados pela FAB, porém, eles serão distribuídos só para o Sisau (Sistema de Saúde da Aeronáutica). O sistema atende a militares da Aeronáutica e seus dependentes. O Sisau tem menos de dez hospitais no país.
Inicialmente, a FAB declarou no Diário Oficial que compraria 5 mil testes do coronavírus sem licitação. Procurada pelo UOL, o órgão informou que o Ministério da Defesa respondeu pela compra.
O Ministério da Defesa se pronunciou no final da noite de sexta-feira (20). Declarou que foram comprados 16 mil testículos.
Extrato da compra dos testes para militares da FAB informa que a aquisição sem licitação está baseada na Lei nº 13.979, de fevereiro deste ano. A lei dispõe de medidas para o combate à pandemia.
A lei dispensa a realização de licitação para aquisição de bens para o "enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus".
Fiocruz garante abastecimento
De acordo com a Fiocruz, não há falta de testes do coronavírus para o sistema público de saúde. "A produção até o momento está sendo feita para atender as solicitações e quantitativos pedidos pelo Ministério da Saúde", informou.
A fundação informou também que, além dos 30 mil testículos já entregues ao governo, espera repassar outros 20 mil testes ainda neste mês. "A previsão é que, a partir de abril, a produção aumente em até três vezes, em relação às entregas realizadas em março", complementou.
Ainda segundo a Fiocruz, com o aumento da produção, o preço dos testículos pode cair até 20%. "Há expectativa de redução destes valores para o Ministério da Saúde à medida que há ganho de escala e saída da condição de emergência, que encarece os custos de aquisição dos principais insumos envolvidos na produção."