Na sequência do memorando de entendimento de Luanda, assinado entre o presidente do Ruanda, Paul Kagame, e o do Uganda, Yweri Musseveny, a 21 de agosto de 2019, e a convite do presidente de Angola, João Lourenço, enquanto facilitador das conversações de paz entre os dois países, coadjuvado pelo presidente da República Democrática do Congo Félix Tshissekedi os presidentes do Uganda e do Ruanda assinaram, na última sexta-feira, um tratado de extradição que vem estabelecer um quadro legal para o tratamento de casos de justiça relacionados com presumíveis atividades subversivas praticadas por nacionais em território vizinho.
A assinatura do presente tratado teve lugar na fronteira entre os dois Estados africanos após o governo do Ruanda ter libertado 20 cidadãos ugandeses que terão cumprido as suas penas, e o Uganda libertou 13 ruandeses, detidos sob acusação de espionagem e outros delitos relacionados com segurança.
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Um conflito que já durava alguns anos, o Uganda acusava o Ruanda de apoiar o grupo rebelde das Forças Democráticas Aliadas que vinham sendo apontadas como autores de vários ataques no país e no leste da RDC.
E por sua vez o Ruanda acusava o Uganda de apoiar grupos rebeldes e dissidentes que pretendiam derrubar o governo de Kigali.
Os conflitos intensificaram-se com o encerramento da fronteira entre os dois Estados, em fevereiro de 2019, uma das mais movimentadas travessias comerciais na região dos Grandes Lagos.
No final da recente cimeira ficou a recomendação ao Uganda para que no prazo de um mês efetuasse a verificação das alegações do Ruanda e, se comprovadas, providenciasse medidas para que não se repitam.
Caso seja cumprida está e outras recomendações, Angola coadjuvada pela RDC deverá promover, quinze dias depois, a cerimónia solene de reabertura das referidas fronteiras e consequente normalização das relações entre os dois países.
*Impacto no Comércio Regional*
Os conflitos entre o Uganda e Ruanda que já se arrastavam há longos anos, inviabilizando toda uma cadeia comercial na região dos Grandes Lagos.
Com o encerramento da fronteira ruandesa aos camiões de carga ugandeses, que transportavam mercadoria para o Ruanda e outros países vizinhos, como o Burundi e a República Democrática do Congo, as grandes empresas do Uganda foram as mais prejudicadas, pois tinham que utilizar a rota mais longa através da travessia das colinas de Mirama.
Pesou, igualmente, o facto de o Ruanda ser até então o seu principal parceiro comercial em termos de importação dos seus produtos. Já o Ruanda passou a importar bens da Tanzânia a um custo muito maior ao que praticado pelo Uganda.
Os cidadãos comuns também sentiram o peso das restrições, na referida fronteira, uma vez que viram os preços dos produtos da cesta básica aumentarem, consideravelmente.