A Marinha Real no final de 2019 anunciou a composição do seu primeiro grupo de batalha de porta-aviões. E isso são boas e más notícias para a famosa frota
Por David Axe | National Interest | Poder Naval
A Marinha Real no final de 2019 anunciou a composição do seu primeiro grupo de batalha de porta-aviões. E isso são boas e más notícias para a famosa frota.
HMS Queen Elizabeth, RFA Tideforce e HMS Northumberland |
Boas notícias, porque a Marinha Real mal deve ser capaz de disponibilizar todos os navios e aviões necessários para desdobrar um grupo de batalha inteiramente britânico.
Más notícias, porque desdobramento frequentes com a mesma mistura de navios são claramente insustentáveis à medida que a Marinha Real encolhe, o resultado inevitável de décadas de orçamentos em declínio.
O HMS Queen Elizabeth, a embarcação líder em uma classe de dois navios-aeródromo convencionais, está programado para ser desdobrado pela primeira vez em 2021. Oficiais da frota disseram a repórteres que o porta-aviões navegará com dois destróieres Type 45, incluindo o HMS Dragon, duas fragatas Type 23, incluindo a HMS Northumberland, um submarino nuclear de ataque, o navio-tanque RFA Tideforce e o navio de apoio RFA Fort Victoria.
A ala aérea do Queen Elizabeth para o desdobramento, que poderá levar o grupo de ataque de porta-aviões pelo Mar Mediterrâneo até o Golfo Pérsico, a caminho do Oceano Pacífico, incluirá 24 jatos furtivos F-35B, incluindo aeronaves do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, além de helicópteros.
Isso é muito poder de combate. Mas esgarça a capacidade das forças armadas do Reino Unido. A Marinha Real possui apenas seis destróieres, 13 fragatas e seis submarinos de ataque. Mas geralmente mais da metade dessas embarcações, a qualquer momento, estão em estaleiros para reparos ou reformas.
Ao desdobrar quatro destróieres e fragatas e um submarino, o Queen Elizabeth deixará o Reino Unido com apenas um punhado de navios de guerra de superfície e, potencialmente, um submarino de ataque para outras tarefas.
Da mesma forma, a ala aérea embarcada do porta-aviões durante o primeiro desdobramento poderá exigir todos os F-35 britânicos disponíveis. Não é por outra razão que os oficiais da frota enfatizaram a disposição do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA de contribuir com jatos STOVL para o desdobramento.
“Estamos limitados pela cadência de compra do F-35, mesmo que isso tenha sido acelerado na revisão estratégica de defesa em 2015, portanto os números iniciais de capacidade operacional em 2020 serão muito modestos”, disse o capitão Jerry Kyd, ex-capitão do Queen Elizabeth. A Royal Air Force conseguiu disponibilizar apenas sete F-35 para testes a bordo do porta-aviões no final de 2019.
“Vamos realizar o desdobramento com helicópteros, e depende muito de quantos F-35 do USMC vêm em nosso primeiro desdobramento em 2021”, disse Kyd. “Mas até 2023, estamos comprometidos com 24 jatos do Reino Unido a bordo, e depois disso é muito longe para dizer”.
O secretário de Defesa Ben Wallace reconheceu a tensão que a missão de 2021 causará nas forças armadas. “Definitivamente, é nossa intenção que o grupo de ataque possa ser um grupo totalmente soberano do Reino Unido”.
Curvando-se à realidade, no entanto, Wallace deixou em aberto a possibilidade de reduzir a força de escolta em futuros desdobramentos de porta-aviões ou, como alternativa, convidar aliados da OTAN a contribuir com navios para o grupos de ataque britânico. “Dependendo da missão, é claro, cortaremos na carne conforme necessário.”
“Já estamos envolvidos com parceiros internacionais para entender como integraremos um destróier de Arleigh Burke dos EUA ou um holandês nesse pacote”, disse o Marechal do Ar Richard Knighton.
Ainda assim, a grande demanda que os porta-aviões colocam em escoltas está conduzindo mudanças fundamentais na maneira como a Marinha Real realiza tarefas em seus navios.
O atual modelo de desdobramento da frota, na maioria das vezes, envia navios de guerra em patrulhas individuais, cada um no seu próprio ritmo. Com dois novos porta-aviões programados para começar a ser desdobrados nos próximos dois anos, a frota do Reino Unido deve descobrir como desdobrar, como força coesa, um grande número de navios de guerra que compõem um grupo de batalha de porta-aviões.
Se a reorganização for bem-sucedida, a Marinha Real evoluirá de uma força reduzida, mas amplamente difundida, para uma que opere em menos lugares ao mesmo tempo, mas o faz em maior concentração. A Marinha Real se tornaria o que Tony Radakin, o novo First Lord of the Sea, chamava de “uma marinha de grupo-tarefa de porta-aviões adequado”.
“Todo o padrão da frota terá que mudar para que um grupo de embarcações de escolta e navios de apoio fiquem prontos para serem desdobrados com os porta-aviões”, observou o site Save the Royal Navy. “Alterar o ritmo dos desdobramentos para este novo modelo, mantendo a flexibilidade de operação independente dos navios, separando-se e unindo-se ao grupo de porta-aviões conforme a necessidade, será um ato de equilíbrio complicado”.
David Axe atua como editor de defesa da National Interest. Ele é o autor das graphic novels War Fix, War Is Boring e Machete Squad.
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