Parlamento em Ancara votará em janeiro a iniciativa anunciada pelo presidente Erdogan. Tropas se colocariam ao lado do governo interino da Líbia, o GAN, contra forças apoiadas por Rússia e Egito.
Deutsch Welle
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quinta-feira (26/12) que o Parlamento nacional votará em janeiro a autorização para o envio de tropas à Líbia, em apoio ao interino Governo do Acordo Nacional (GAN) líbio, que enfrenta as forças do marechal Khalifa Haftar.
Presidente Recep Tayyip Erdogan (dir.) e premiê líbio, Fayez al-Sarraj |
"Vou enviar tropas? Vamos aonde somos chamados, não iremos sem convite. Mas, agora, com o convite, aceitaremos", disse Erdogan durante reunião de seu partido, o conservador-islâmico Justiça e Desenvolvimento (AKP), transmitida ao vivo pela emissora NTV.
"Vamos apresentar a moção para o envio de soldados à Líbia quando recomeçarem os trabalhos do Parlamento", em 7 de janeiro, completou. Assim, "poderemos responder favoravelmente à convocação de ajuda militar do governo líbio legítimo".
Erdogan reforçou que a Turquia apoiará "por todos os meios o governo de Trípoli, que resiste a um general golpista apoiado pelos países árabes e europeus" – numa referência ao homem forte do Leste líbio, Khalifa Haftar.
Haftar conta com apoio do Egito, Emirados Árabes e Rússia. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que tanto o general quanto o governo de Trípoli estão recebendo carregamentos de armas que violam o embargo existente.
O Parlamento turco aprovou no sábado último um acordo de cooperação militar e de segurança, assinado com o GAN em 27 de novembro, durante visita a Istambul do primeiro-ministro líbio, Fayez al-Sarraj. O pacto permite às duas partes se enviarem mutuamente pessoal militar e policial para missões de treino e formação, indicaram fontes turcas.
Assim como Catar, a Turquia é um dos poucos países que apoia ativamente o GAN. A fim de obter autorização para destacar forças para combate na Líbia, Ancara precisa aprovar no Parlamento um mandato diferente, como acontece todos os anos para o envio de militares ao Iraque e à Síria.
Como o AKP e seu aliado, o Partido do Movimento Nacionalista (MHP), detêm maioria no Parlamento, a aprovação de um carregamento militar seria uma formalidade – embora a oposição tenha criticado a política externa do presidente. Erdogan abordará também a situação da Líbia com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, numa reunião marcada para 8 de janeiro, em Ancara.